Cidades

Grupo de jovens espanca garoto na Asa Norte

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postado em 01/10/2008 08:28
Estudante agredido de sexta-feira ainda tem marcas de socos
Olhos roxos, arranhões e hematomas mostram a violência que o estudante Bruno*, 17 anos, sofreu na última sexta-feira (26/09) por volta das 22h30. Naquela noite, aproximadamente 30 adolescentes se reuniram para bater nele em frente ao um supermercado na Asa Norte. Tentar fugir não adiantou. Esconder-se também não. Separado dos amigos e sem a chave de casa, Bruno foi colocado frente a frente com um garoto maior do que ele. ;Por que você correu da gente? Por acaso tenho cara de ladrão?;, questionou o jovem, irritado. Bruno não teve tempo de responder. Um soco no rosto o derrubou. Depois disso ele só se lembra de pancadas vindas de todos os lados. Os agressores lhe tomaram os tênis, o casaco e a carteira. E só pararam de bater depois que um segurança do mercado interveio. A surra ocorreu após um desentendimento entre o grupo de 11 meninos no qual Bruno estava e garotos que se identificaram como integrantes da gangue Legião Unida pela Arte (LUA) em uma festa da Igreja Santo Expedito, na 304 Norte. Os amigos do aluno espancado também foram ameaçados pelo grupo. A briga terminou na Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA), que apreendeu oito adolescentes com idades entre 13 e 15 anos. À polícia, os jovens contaram que haviam batido no estudante e perseguido os amigos dele porque tinham sido ;encarados demais; na festa. Bruno e seus amigos deram outra versão. Segundo eles, os garotos da LUA estavam atrás de confusão. Tudo começou quando Lucas*, 13 anos, reconheceu um colega com quem tinha estudado antes de mudar de colégio. Ele decidiu cumprimentá-lo mas, no meio do caminho, foi empurrado por outro jovem. ;Devem ter pensado que queríamos brigar com ele. Tentamos explicar a situação. Mas não teve jeito. Eles estavam atrás de uma desculpa para brigar;, contou Bruno. ;Não queríamos confusão. Então, decidimos ir embora;, completou. Os garotos saíram separadamente da festa. Bruno e outros cinco amigos foram na frente. Os garotos da LUA os seguiram. ;Quando olhei para trás, vi que eles tinham reunido umas 30 pessoas. Gritavam que iam nos pegar e nos matar. Corremos;, relatou. O estudante, mais rápido que os amigos, decidiu se esconder no supermercado por ser um lugar movimentado. Pensou que estaria seguro lá dentro. Liberados A delegada-chefe da DCA, Eliana Clemente, disse não ter conhecimento de que os garotos detidos pertenciam a gangues. Mas afirmou que não se trata de uma ocorrência comum. ;Brigas como essa são preocupantes. Mas temos o cuidado de tomar todas as medidas cabíveis para isso não voltar a ocorrer;, comentou. Os oito adolescentes foram detidos sob a acusação de lesão corporal e por ameaça. A DCA enviou as informações coletadas à Vara da Infância e Juventude (VIJ), que deve apurar o ato infracional. Os meninos não tinham antecedentes criminais e foram liberados após seus responsáveis legais irem à delegacia. Apesar da garantia de que o caso será julgado pela VIJ, as famílias dos meninos ameaçados não se sentem seguras. Os pais já proibiram os filhos de freqüentar festas como a da última sexta-feira. Eles cobram mais segurança por parte das autoridades. ;Tememos pelo que pode ocorrer no futuro. Os garotos que fizeram isso com meu filho são criminosos. Se o poder público não agir de forma mais enérgica, esse episódio pode se repetir e acabar causando uma ocorrência mais grave, com a morte de alguém;, desabafou o pai de Bruno, um servidor público de 52 anos. * Nomes fictícios em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente.

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