O hotel Fazenda Stracta, localizado no Núcleo Rural de Tabatinga a 58 Km de Brasília, recebeu nesta sexta-feira (3/10) os nove pôneis vítimas de maus-tratos pelo Le Cirque. Os animais estavam no Zoológico de Brasília desde que voltaram do Mato Grosso do Sul, no mês passado, e foram acolhidos pelo Projeto Pangaré.
Segundo a proprietária do hotel, Vera Lúcia Lourenço, eles estão em péssimas condições e já recebem atendimento veterinário. "Não precisa ser especialista para perceber que estão frágeis", diz Vera.
Segundo o analista ambiental doInstituto Brasileiro do Mio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama), Anderson Valle, o zoológico não é ambiente ideal para a recuperação dos equinos por se tratarem de animais domésticos. "Na fazenda receberão tratamento adequado, terão mais condições de se recuperarem e também participarão de atividades educacionais com crianças", diz o biólogo.
A fazenda realiza trabalhos de educação ambiental infantil desde 1991 e foi escolhida para participar do projeto. Essa corresponde à segunda fase. Além dos pôneis, foram encaminhados oito cavalos apreendidos pela fiscalização da Secretaria de Agricultura. Em julho, quando foi firmada a parceiria com o Ibama, a fazenda abrigou sete cavalos vítimas de mutilações e maus-tratos retirados das ruas e doados a propriedades de turismo rural. Destes, seis foram recuperados e estão em perfeitas condições. A espectativa quanto aos novos habitantes é a mesma. "Temos uma equipe preparada e contamos com boa estrutura. Os animais já estão acomodados nas baias e têm boas chances de recuperação", diz Vera.
O Le Cirque teve o alvará de funcionamento revogado pelo Ministério Público em agosto quando se apresentava em Brasília, após uma vistoria do Ibama constatar que os animais eram vítimas de maus-tratos. Em 12 de agosto, fiscais do órgão apreenderam dois chipanzés e um hipopótamo, que foram recuperados na Justiça pelo circo.
Um laudo detalhado que comprovava o mau tratamento e a Operação Arca de Noé foi preparada, pelo Ibama, para reaver os bichos. Antes, porém, os donos do circo ficaram sabendo da ação e fugiram com todos os animais na madrugada de 15 de agosto, mas as carretas foram interceptadas em Mato Grosso do Sul. A viagem de volta a Brasília, feita às pressas com todos os bichos, menos o elefante e o rinoceronte, causou exaustão. Um pônei não resistiu e morreu e uma camela teve sinais de desidratação.