postado em 05/10/2008 08:35
O motorista reserva do ônibus da Expresso Panam, de Taguatinga, que se envolveu num grave acidente que vitimou três pessoas, colocou a culpa no condutor do caminhão que transportava óleo diesel. José Francisco de Moura, 33, afirmou que o veículo estava parado na pista sem qualquer tipo de iluminação externa, o que dificultou a visibilidade do companheiro dele. Além das mortes, o acidente deixou 21 pessoas feridas.
A colisão ocorreu por volta das 21h30 de sexta-feira (03), na BR-414, próximo à cidade goiana de Dois Irmãos, a 150km de Brasília. O motorista do ônibus, Lucílio Fernandes Campos, 36, considerado fugitivo pela Polícia Federal Rodoviária, se recupera das lesões que sofreu devido ao choque. O condutor desapareceu logo após o acidente. ;Não sabemos se ele fugiu ou alguém o socorreu;, disse o inspetor da PRF de Anápolis Júlio César Gomes Ferreira.
Testemunhas contaram que viram o funcionário entrar em um ônibus e desembarcar em um posto de gasolina a 15km de distância do local do acidente, em Dois Irmãos. Lá, ele teria feito contato com a família e em seguida embarcado em outro ônibus enviado pela empresa. A polícia achou estranho o fato de ele não prestar socorro às vítimas. Ontem, familiares de Lucílio entraram em contato com o posto da PRF em Anápolis e afirmaram que ele prestará depoimento amanhã na delegacia de Goianésia.
Tudo errado
Embora o horário de saída do ônibus (EVC 7103-GO) estivesse previsto pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para as 17h, o primeiro embarque de passageiro ocorreu às 10h em Taguatinga. Até o local da tragédia o motorista fez várias paradas, ignorando a determinação da agência, que proíbe o embarque e desembarque de passageiros ao longo do trajeto. Ao todo, havia 49 pessoas a bordo do carro que tinha como destino o município maranhense de Timom. Algumas pessoas viajavam em pé com a promessa do guia de ocuparem cadeiras ao longo do caminho.
O morador do Paranoá Francivalber Campos, 31 anos, pegou o ônibus no posto de gasolina Colorado, em Sobradinho. Ele viajou 120km em pé porque os bancos estavam ocupados. ;O guia me garantiu que uma mulher iria desembarcar e eu sentaria no lugar dela;. Além dele, havia outras três pessoas que não conseguiram assentos. ;Eu vi a traseira do caminhão entrar no ônibus. Uma menina agarrava a mãe, ensangüentada, e pedia para ela não morrer. Eu tive de tirá-la sem saber se a mulher escapou;, conta.
Os últimos 15km da BR-414, onde ocorreu o acidente, são de terra. O asfalto acaba no Km 313. Os dois veículos envolvidos estavam no mesmo sentido. O caminhão (KEZ 0256-GO) diminuiu a velocidade devido às irregularidades da estrada terraplenada, segundo informações da empresa transportadora de óleo. Atrás dele, estava o ônibus da Expresso Panam. O veículo, segundo Francivalber, estava a 80km/h. O motorista tentou desviar do caminhão para a esquerda. Porém, a manobra não foi suficiente para evitar que a lateral direita do ônibus atingisse o veículo que transportava 15 mil litros de óleo diesel.
;Foi horrível. O pânico tomou conta das pessoas. Algumas quebraram a janela do ônibus com medo de que o caminhão explodisse;, detalhou Francivalber. Apesar do trauma, ele teve de prosseguir com a viagem. ;Minha mãe está doente. Vou ter de comprar passagem para o Maranhão.;
Duas pessoas morreram na hora, entre elas o bagagista do ônibus Vinícius dos Santos Castro Silva, 22. Era a primeira viagem dele pela empresa. A outra vítima que teve morte instantânea chamava-se Valdimar da Silva Melo, 29. A terceira, Francisca Ferreira da Silva Melo, 64, estava internada no Hospital de Padre Bernardo, mas não resistiu aos ferimentos. Ambas era passageiras. Os casos mais graves foram encaminhados ao Hospital de Urgência de Anápolis.