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UnB venderá 27 apartamentos, incluindo a do ex-reitor Timothy Mulholland

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postado em 08/10/2008 08:14
A cobertura de luxo que, até o início do ano, era ocupada pelo então reitor da Universidade de Brasília (UnB) Timothy Mulholland será vendida. Além dela, a instituição vai se desfazer de 26 apartamentos funcionais. A UnB vai lançar o edital de licitação dos imóveis na semana que vem e espera arrecadar de R$ 20 milhões a R$ 25 milhões com o negócio. A Caixa Econômica Federal fez a avaliação dos imóveis e continua a trabalhar no levantamento de todo o patrimônio imobiliário da universidade. O reitor eleito da UnB, José Geraldo de Sousa Júnior, disse que vai debater a continuação da venda dos apartamentos com os conselhos diretores da instituição. O edital de licitação já está pronto e falta apenas a autorização da Procuradoria Jurídica da universidade para que a reitoria lance a concorrência pública. A abertura de envelopes deve ser realizada no auditório da Caixa Econômica Federal, no Setor Bancário Sul. A cobertura no Bloco J da SQN 310, que era ocupada por Mulholland, foi avaliada em R$ 2 milhões. O apartamento vizinho, que tem o mesmo preço, também será licitado. Nas quadras 212 e 214 Norte, há mais 15 coberturas na lista de imóveis à venda, além de 10 apartamentos de dois e três quartos. A licitação desses 10 imóveis havia sido aprovada pelo Conselho Diretor da UnB em março do ano passado. O decano de Administração, João Carlos Teatini, espera que os valores arrecadados fiquem acima dos preços de mercado apurados pela Caixa. ;A UnB precisa dos recursos para cumprirmos o plano de obras aprovado no câmpus. Queremos concluir o prédio do Instituto de Biologia, que ainda precisa de R$ 15 milhões;, explica Teatini. O debate sobre o patrimônio imobiliário da universidade surgiu depois que o Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) denunciou a destinação de R$ 470 mil para a decoração da cobertura de luxo usado por Mulholland. A verba foi repassada pela Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec). Depois da polêmica, a UnB mergulhou em uma grave crise, que culminou com a ocupação da reitoria por estudantes e a renúncia do reitor. Em abril, Roberto Aguiar assumiu a instituição temporariamente e começou a discutir a necessidade de a universidade manter em seu patrimônio imóveis de luxo. Todos os móveis e eletrodomésticos comprados para a decoração da cobertura de Timothy ficarão fora da licitação. Nem mesmo o símbolo da gastança ; as lixeiras de R$ 1 mil cada uma ; estará em oferta. ;Posteriormente, vamos discutir a forma adequada de vendê-los. Deve ser realizado um leilão, mas parte do que está lá pode ser usada na própria universidade. Isso ainda será analisado;, explica o decano de Administração. Plano de obras Os recursos arrecadados com a licitação serão destinados ao cumprimento do plano de obras para melhorias na UnB. Além da construção do Instituto de Biologia, há previsão de edifícios para o Centro de Processamento de Dados, Centro de Manutenção de Equipamentos, além da conclusão das reformas e ampliações do Instituto Central de Ciências, o Minhocão. Em 15 de agosto, a Universidade de Brasília assinou um convênio de cooperação com a Caixa Econômica, que prevê a avaliação de todos os imóveis de propriedade da UnB, além da gestão de um fundo com os recursos provenientes da venda dos apartamentos. A Caixa também vai ajudar na manutenção e na gestão do patrimônio da universidade. Ainda não há definição se outros apartamentos, terrenos ou lojas serão licitados. A UnB tem cerca de 2 mil imóveis, entre comerciais, lotes e apartamentos funcionais. O reitor eleito José Geraldo de Sousa Júnior pretende levar a discussão sobre o patrimônio da universidade aos órgãos colegiados da instituição. Ainda não há prazo para Sousa Júnior tomar posse. Para tanto, falta o aval do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. ;A utilização do patrimônio da UnB deve estar atrelada a um programa de financiamento da própria universidade e deve obedecer ao plano diretor. Ele tem que ser administrado no sentido de que a universidade possa se financiar, mas sem perder de vista o desenvolvimento urbano da própria cidade;, defende o reitor eleito. Ele garantiu que não vai ocupar um imóvel funcional: ;Moro há 30 anos no meu apartamento e não pretendo deixá-lo;. Discussão A comunidade acadêmica pede participação nos debates sobre o futuro do patrimônio. Na visão do presidente do Diretório Central dos Estudantes, Fábio Félix, a venda dos imóveis ainda não foi discutida dentro do segmento. ;Durante a ocupação da reitoria, o que defendíamos era a venda do mobiliário da cobertura do Timothy;, explica. ;Mas, se for concretizada a venda, queremos que os recursos sejam usados na reforma da Casa do Estudante, na área cultural e na concessão de bolsas;, sugere o líder estudantil. Segundo o coordenador-geral do Sindicato dos Trabalhadores da Universidade de Brasília, Antônio César Guedes, a venda dos imóveis deve entrar na pauta de uma reunião da categoria prevista para hoje à tarde. ;É preciso fazer uma discussão mais aprofundada sobre as prioridades de investimento. De qualquer forma, todo o debate deve ser feito nos órgãos colegiados da universidade;, enfatiza Guedes. EM OFERTA # SQN 212 Bloco A apartamentos 101, 105, 111, 207, 210, 213, 308, 309, 315, 510 Características: prédio recém-inaugurado, com imóveis de dois e três quartos Avaliação: de R$ 400 mil a R$ 600 mil # SQN 212 Bloco C apartamentos 602, 603, 607, 608, 611, 615, 616 Características: todos os imóveis são coberturas Avaliação: de R$ 800 mil a R$ 900 mil # SQN 214 Bloco D apartamentos 601, 603, 604, 607, 608, 611, 612, 616 Características: todos os imóveis são coberturas Avaliação: R$ 800 mil a R$ 900 mil # SQN 310 Bloco J apartamentos 603 e 604 Características: os dois imóveis são coberturas de luxo. Uma delas era a ocupada por Mulholland Avaliação: R$ 2 milhões

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