postado em 08/10/2008 08:17
A polícia já tem os nomes dos quatro fundadores da Associação de Poker Competitivo do Distrito Federal, responsável pelo BSB Texas Club, casa de jogos que funcionava na Península dos Ministros, no Lago Sul. Um deles é Wladimir Billota Duarte, 37 anos, detido durante a operação de fechamento da jogatina. A identidade dos outros três é mantida em sigilo para não atrapalhar as investigações, mas é certo que todos vivem em Brasília. O Correio teve acesso com exclusividade a parte dos documentos apreendidos pela polícia. Trata-se do controle de pagamento dos crupiês, a figura responsável pela distribuição das cartas, considerada por muitos como a ;alma; de toda casa de jogos.
As anotações estão em quatro folhas de papel A4 e contêm o que parece ser um balanço parcial do mês, feito em 23 de setembro. Em boa caligrafia, ali estão relacionados os nomes de nove pessoas. Dessas, apenas uma tem o sobrenome grafado. Outros três são listados apenas pelos apelidos. Os documentos não trazem os valores pagos a cada um deles. Os escritos revelam ainda que a casa não abriu em 21 de setembro. Motivo? Uma reportagem do Correio sobre a jogatina na internet.
Em uma das folhas, com o título caixinhas escrito em letra de forma, estão relacionados os dias 6 a 14 de setembro. Na frente de cada data, um valor diferente, entre R$ 84 e R$ 492, totalizando R$ 2.473. ;Esses valores podem ser relativos a vales feitos aos crupiês. Ainda estamos analisando a documentação para saber quanto eles recebiam. Mas acreditamos que ganhavam 20% da mesa e outros 10% ficavam com a casa;, adiantou o delegado-chefe da 10ª Delegacia de Polícia (Asa Sul), Antônio Cavalheiro. A Lei de Contravenções Penais (Decreto nº 3.688/41) proíbe a exploração de jogos de azar no Brasil e prevê detenção de até um ano para quem se beneficia.
Debaixo de cada uma das mesas de jogo havia uma caixinha de madeira de aproximadamente 30cm, parecida com um cofre, com uma janelinha trancada com cadeado. Tudo o que era apostado na mesa caía dentro dessa caixa. Era desse modo que os responsáveis pela casa de jogos controlavam o pagamento do crupiê. ;Quanto mais ele (crupiê) conseguia movimentar a mesa, maior seria a sua comissão. As câmeras de vigilância sobre cada mesa não eram para garantir a segurança de ninguém. Eram para vigiar o crupiê e os jogadores;, explicou o delegado.
Cavalheiro deve dispensar o ex-senador Luiz Estevão de ir até a delegacia prestar esclarecimentos. A casa 20 da QL 12, conjunto 9, onde funcionava o BSB Texas Club, é de propriedade do Grupo Ok, empresa de Estevão. Até sexta-feira, os advogados da empresa prometem entregar aos investigadores a cópia do contrato de locação do imóvel.