Cidades

Acordo entre o MPDFT e o GDF beneficia crianças em situação de risco

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postado em 09/10/2008 21:51
Crianças e adolescentes em situação de rua terão atenção redobrada do governo. O Ministério Público do Distrito Federal (MPDF) se reuniu nesta quinta (09/10) com representantes de secretarias do GDF para discutir medidas de proteção aos jovens que vivem na Rodoviária do Plano Piloto. Entre as principais ações, está o mapeamento da área ; para mostrar quem são esses meninos e meninas, de onde vêm, por que abandonaram a casa, etc. Em uma série de reportagens publicadas a partir de 24 de setembro, o Correio denunciou os abusos sofridos pelas crianças e as precárias condições de vida a que são submetidas no terminal. As secretarias se comprometeram a tomar algumas medidas imediatas. Um ônibus será emprestado para levar os jovens à escola e os policiais que trabalham no local serão capacitados a fazer abordagens menos violentas aos moradores de rua. "Não queremos uma ação higienista, tirando os meninos da rodoviária para que ninguém os veja. O Estado tem a função de protegê-los, não de revitimá-los", explicou a promotora de Justiça de Defesa da Infância e Juventude, Leslie Marques de Carvalho. A Secretaria de Educação informou que a Escola de Meninos e Meninas do Parque da Cidade não será desativada. O conjunto de medidas deve ajudar a mudar o destino dos jovens, como aconteceu com Denise*, 19 anos. Há pouco mais de 12 meses, ela trocou o chão frio da Rodoviária do Plano Piloto por uma casa. A jovem fugiu da família aos 9 anos de idade porque sofria abuso sexual pelo padrasto. A mãe não acreditava na menina e não fez nada para ajudá-la. Sem apoio, ela encontrou abrigo na área central de Brasília. Ali, virou usuária de crack e ganhou dinheiro com a venda de drogas. "Nunca fui de pegar carteira de trabalhador, não acho justo. Então, me arriscava no tráfico. Eu achava que tinha liberdade, podia fazer o que quiser", declarou. Denise chegou a passar 48 horas acordada com o efeito do crack. Decidiu parar quando engravidou e recebeu orientação no projeto Giração. "Eles alugaram um barraco para mim e hoje eu tento tirar outros meninos da rua", disse a jovem. Para fugir das agressões de policiais, alguns adolescentes passam as noites na sede do projeto, que presta atendimento a jovens em situação de rua. Lá, eles tomam banho, se alimentam e têm apoio psicológico. Depois de participar do projeto, muitos decidem deixar as ruas e trabalhar como monitores do Giração. Uma das estratégias do governo é estreitar relações com órgãos responsáveis pelo cuidado dos jovens no Entorno. Só este ano, o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Crea) de Brasília localizou 280 pessoas que vivem nas ruas da cidade, mas têm residência nos municípios vizinhos ao DF. Representantes de Creas do DF e Goiás se reuniram ontem e propuseram a criação de um fórum para discutir a integração dos trabalhos nos dois estados. "Muitas crianças não têm pai e a mãe sai cedo para trabalhar. Eles saem de casa em busca de algo melhor e, em vez de ir à escola, vão a Brasília", comentou a coordenadora do Crea do Novo Gama, Alvanita Mesquita. *Nome fictício para proteger a identidade da entrevistada.

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