Cidades

Número de mortes em acidentes de trânsito reduz no DF

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postado em 21/10/2008 08:11
A violência no trânsito do Distrito Federal está caindo. O número de mortes em acidentes apresentou redução nos últimos cinco meses consecutivamente. Isso não acontecia havia 11 anos no período entre maio e setembro. O balanço do Departamento de Trânsito (Detran) revela que, no mês passado, 36 pessoas perderam a vida nas ruas do DF. No mesmo período de 2007, houve 55 mortes, queda de 34,54%. Coincidência ou não, a diminuição na quantidade de vítimas foi maior no período de vigência da Lei Federal nº 11.705/08, a lei seca. Em vigor desde 20 de junho, a legislação proíbe aos motoristas a ingestão de álcool, com punições severas para os infratores. Em maio deste ano, antes da lei seca, o percentual de queda na comparação com maio de 2007 ficou em 5%. E em junho, mais que o dobro: 10,9% de redução das mortes em relação a junho do ano passado (veja quadro). Os dados são vistos como uma vitória pelas autoridades de trânsito. Na avaliação do diretor-geral do Detran, Jair Tedeschi, a queda nos números de mortes e de acidentes violentos são um reflexo do aumento da fiscalização e de mais campanhas educativas. A lei seca, segundo Tedeschi, é outro fator positivo: ;A tolerância zero ao álcool, as punições mais severas e a divulgação maciça por parte da mídia provocaram um eco muito maior. Toda a nação tomou conhecimento;. Para quem perdeu alguém nas ruas, os dados representam uma esperança de que menos famílias passarão pelo mesmo sofrimento. Esse é o sentimento da assistente comercial Ludimila Nicolino, 24 anos. Há um ano e seis meses, a ;amiga e irmã de criação; Paloma Rodrigues da Costa, 27 anos, morreu em um acidente de trânsito. A colisão foi provocada por um motorista alcoolizado, que trafegava em alta velocidade na contramão da via. Ele também morreu. Assim como uma tia e uma prima de Paloma que estavam no mesmo carro da jovem. ;Eu conheço muita gente que diz ser capaz de beber e dirigir. É possível que elas cheguem em casa. Mas é possível também que, no meio do caminho, elas matem um ser humano. E deixem a casa de alguém mais vazia, assim como a nossa casa ficou com a morte da Paloma;, declarou. As estatísticas apontam queda também na quantidade de acidentes fatais. Foram 30 em setembro deste ano contra 53 em setembro de 2007, redução de 43,39% no período. O percentual de redução também é maior desde a lei seca. Punições Na esfera administrativa, quem for pego no teste do bafômetro com 0,1 ou 0,2 miligrama de álcool por litro de ar expelido dos pulmões paga multa de R$ 957. O Detran abre um processo de suspensão do direito de dirigir, que pode ser por até um ano. As punições também ocorrem na esfera criminal. O motorista flagrado no teste com valores acima de 0,3 miligrama de álcool por litro de ar é levado à delegacia, onde abre-se um inquérito por crime de dirigir alcoolizado. Para não ficar atrás das grades, ele terá de pagar fiança que varia entre R$ 650e R$ 2 mil. Se condenada, a pessoa pode ficar presa por um período de seis meses a três anos. Na avaliação do professor da Universidade de Brasília (UnB) David Duarte, presidente do Instituto de Segurança no Trânsito, as estatísticas refletem ;o efeito colateral da lei seca;, que completou ontem quatro meses de vigência. Segundo ele, mesmo que a intolerância à combinação álcool e volante não seja a única responsável pela redução das mortes e de acidentes com mortes, o Detran e o Batalhão de Trânsito da Polícia Militar intensificaram a fiscalização. ;A gente vê muito claramente que alguma coisa aconteceu de maio para cá. E, muito provavelmente, foi a postura dos órgãos de trânsito que melhoraram a fiscalização;, observou. Mestre em engenharia de transportes, José Lelis de Souza também credita a redução das mortes no trânsito ao aumento das campanhas educativas e da fiscalização por conta da lei seca. ;Reduzir o teor alcoólico não diminuiu os acidentes. Se a lei anterior tivesse sido fiscalizada como a atual provavelmente o resultado seria o mesmo;, completou José Lelis.

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