Cidades

Falso médico assedia paciente no Hospital da Asa Norte

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postado em 22/10/2008 08:31
Vestido com jaleco branco e disfarçado pela pouca iluminação do ambiente, um homem que se identificou como médico apalpou e tentou tirar proveito de uma paciente na enfermaria de ginecologia e obstetrícia do Hospital Regional da Asa Norte (Hran) na madrugada desta terça-feira (21/10). A mulher desconfiou da abordagem. Principalmente quando o pretenso doutor lhe pediu que tomasse banho para fazer um exame. Assustada, ela atraiu a atenção de uma enfermeira, que não reconheceu o suposto médico. O homem tentou fugir, mas acabou preso pela polícia militar. Na delegacia, descobriu-se que o verdadeiro nome dele era Jorge Luiz Batista, de 55 anos. Um criminoso que cumpria prisão domiciliar e tem seis antecedentes, inclusive dois casos de estupro e um de atentado violento ao pudor. Ele ainda tem passagens por falsidade documental, estelionato, furto e receptação. A investigação aponta que Jorge Luiz roubou o jaleco para entrar no hospital. Ele apagou as luzes do quarto da vítima antes de abordá-la. Em seguida, fez perguntas e a tocou nos cabelos, seios e barriga. Quando o pegaram, disse que se chamava Manoel. Alegou ser técnico de enfermagem do Hospital Regional de Sobradinho. Mas não tinha qualquer documento para comprovar a história. ;Ele se fez passar por médico e satisfez a lascívia momentaneamente ao tocar na paciente. Não houve violência, nem grave ameaça. Isso caracteriza atentado ao pudor mediante fraude. Ele também responderá pelo furto do jaleco e por falsa identidade;, detalhou o delegado Marco Antônio Almeida, adjunto da 5ª DP (Área Central de Brasília). Pelos crimes cometidos ontem, Jorge Luiz pode pegar até sete anos de reclusão. Como foi preso em flagrante, deverá aguardar o julgamento encarcerado. O marido da vítima, o bombeiro Júlio César Brandão, 35 anos, ficou indignado. Ele tinha deixado a esposa no hospital às 20h de segunda-feira por recomendação de uma médica. O bombeiro chegou a perguntar se poderia fazer companhia à mulher, mas a resposta foi negativa. ;Aceitei porque é procedimento do hospital. Me disseram que ela estava segura. Não esperava acordar às 4h30 com um telefonema da polícia me informando que um estuprador disfarçado de médico tinha tentado violentar minha mulher;, desabafou. Na delegacia, Jorge Luiz negou ter abusado da paciente, mas admitiu o roubo do jaleco. ;Peguei porque estou desempregado e queria emprego numa panificadora.; Quando questionaram sua inocência, limitou-se a dizer: ;Não existe ninguém inocente no mundo. Só que não fiz as coisas de que me acusam;. Par o diretor do Hran, Adalberto Amorim de Medeiros Júnior, o acusado já estava de jaleco quando entrou no hospital. ;Ele se aproveitou da chegada de uma ambulância do Samu, que trazia uma mulher em trabalho de parto, para ludibriar a segurança no pronto-socorro;, contou. ;O azar dele foi que só havia mulheres no plantão noturno na ginecologia. Quando a auxiliar de enfermagem o viu, soube de imediato que algo não estava certo;, acrescentou Amorim. O hospital abriu sindicância para apurar o caso. Secretaria em alerta A invasão do Hran deixou a secretaria de Saúde em estado de alerta. Na tarde de ontem, o secretário Augusto Carvalho se reuniu com os diretores dos hospitais da rede pública para discutir os problemas de segurança. ;Temos que reconhecer. Temos uma falha na nossa rede que permite a entrada de pessoas do mau no interior dos hospitais. Não podemos permitir que um meliante entre de madrugada em um centro hospitalar e moleste um paciente ou um profissional;, ressaltou. A reunião de ontem serviu para estabelecer algumas medidas a serem adotadas pela rede pública. A primeira dela diz respeito à identificação de funcionários, visitantes e acompanhantes. Todos deverão passar a usar crachás. Em segundo lugar, anunciou que o número de entradas nos hospitais serão reduzidas. Hoje, há vários pontos de acesso, o que facilita a entrada de estranhos. Os diretores das unidades têm prazo de 10 dias para apresentar à Secretaria um plano de segurança. Além disso, existe um plano que está sendo traçado pela Secretaria de Segurança para equipar todas as unidades hospitalares com câmeras eletrônicas. O secretário ainda pretende estudar a possibilidade de compra, por licitação, de aparelhos de identificação biométrica ; leitura de impressões digitais ; dos funcionários assim como de aumentar a presença de policiais nas adjacências dos centros médicos. Memória Seqüestro no Gama A segurança nos centros hospitalares da rede pública do Distrito Federal começou a ser questionada em junho deste ano, quando uma mulher seqüestrou um bebê com dois dias de vida na maternidade do Hospital Regional do Gama. O sumiço da criança durou poucas horas, mas demonstrou a fragilidade do sistema. Na ocasião, uma mulher vestida com um jaleco branco se identificou como enfermeira para a mãe do menino e disse que precisava fazer uma radiografia do recém-nascido. Ela pediu para a mãe esperá-la no lado de fora da ala responsável pelos exames e desapareceu com a criança, encontrada horas mais tarde abandonada atrás de um quiosque próximo do hospital. A sequestradora foi presa na mesma noite e contou para a polícia que roubou a criança porque tinha perdido um bebê um mês antes.

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