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Laudo preliminar indica que bombeiro sofreu afogamento induzido

O sargento Washington Nunes, morto em curso para mergulhadores há um mês, sofreu asfixia, afogamento induzido ou parada cardíaca

postado em 23/10/2008 07:55
Informações preliminares sobre a morte do bombeiro Washington Nunes, 34 anos, começam a dar pistas dos mistérios que envolvem o caso. Laudo em elaboração pelo Instituto de Medicina Legal (IML) revelou manchas avermelhadas nas superfícies do coração e dos pulmões do sargento do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal. As marcas, conhecidas como petéquias, abrem três possibilidades sobre o que poderia ter ocorrido com a vítima em 23 de setembro deste ano: asfixia, afogamento induzido ou parada cardíaca. O dermatologista Erasmo Tokarski teve acesso aos exames e confirmou que o bombeiro perdeu a vida em decorrência de uma insuficiência respiratória. Em entrevista ao Correio, acrescentou que treinamentos abusivos são capazes de colocar em risco inclusive a vida de atletas. "Um exercício exaustivo pode levar a isso (asfixia, afogamento ou infarto). Mas o laudo ainda não é conclusivo", alertou o também especialista em medicina legal, com experiência no IML da Polícia Civil do DF. O complemento do laudo virá com a conclusão de um teste histopatológico nos tecidos dos pulmões e do coração. A análise microscópica poderá ser decisiva na definição do caso, pois tem chance de provar se alguém induziu ou não na morte do sargento. Ele morreu na tarde de uma terça-feira ; não havia ingerido álcool ou drogas ; durante curso do Corpo de Bombeiros para mergulhadores especializados em salvamento na água. Apesar do vigor físico, Nunes não resistiu ao treinamento. Ele deveria fazer uma travessia de 500m no Lago Paranoá, mas alcançou a margem inconsciente. Chegou ao Hospital de Base sem sinais vitais. Vídeo A tentativa de salvar a vida da vítima pode, por exemplo, explicar as manchas roxas encontradas no ombro esquerdo e nos testículos do sargento, segundo o mesmo exame preliminar. Os traumas, porém, também levam à desconfiança de agressão física. Neste caso, a descoberta do momento das pancadas ; se antes ou depois da morte ; pode explicar a tragédia. O que se sabe é que o curso dado pelo Corpo de Bombeiros chama a atenção pela exigência física e psicológica. Para o deputado distrital Cabo Patrício (PT), membro da Comissão de Segurança da Câmara Legislativa do DF, as informações preliminares do IML devem ser analisadas com cautela. "O laudo não é conclusivo. É preciso analisar a situação só depois de ele estar concluído. As marcas podem, sim, ter sido feitas até durante a tentativa de salvamento", afirmou Patrício, também presidente da Associação dos Policiais e Bombeiros Militares (Aspol-DF). O tenente-coronel Maciel Nogueira, chefe da Comunicação Social do Corpo de Bombeiros do DF, disse que a corporação não teve acesso a nenhum resultado sobre as causas da morte do sargento Washington.
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