Cidades

Hospital de Sobradinho investiga troca de bebês

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postado em 27/10/2008 08:27
Dois casais brasilienses enfrentam 48h de sofrimento e incerteza para descobrir quem é o próprio filho. Uma confusão provocada no Hospital Regional de Sobradinho acabou na suspeita de troca de dois recém-nascidos neste fim de semana. O problema tirou a alegria do nascimento. As mães não sabem se amamentam a mesma criança gerada por nove meses. E os pais têm dificuldade para reconhecer nos rostinhos os traços familiares. ;Eles são idênticos. Não sei, olho para um para o outro. É um absurdo;, reclamou o pai de Haysson, José Matos, 45 anos. O mistério será desvendado hoje com os resultados de exames de DNA. Eles apontarão se houve troca de bebês ou troca das pulseiras de identificação. O drama teve início no sábado. O casal José Matos e Fernanda Moreira dos Santos, 24, recebeu autorização para voltar para casa, em Sobradinho II, logo pela manhã ; o menino nasceu às 17h de quinta-feira, de parto normal. O pai, técnico em refrigeração, saiu para trabalhar no início da tarde. A mãe ficou em casa, acompanhada de uma irmã. O susto veio por volta das 15h, durante o primeiro banho do nenêm no lar da família. A cunhada de José estranhou o nome de outra mãe na pulseirinha do sobrinho. E alertou a irmã. Fernanda ficou nervosa. Ligou para o marido, que voltou para casa. ;Eu conferi a identificação e vi que realmente tinha alguma coisa errada. Quando pensei em procurar o hospital, eles me ligaram avisando que talvez tivesse ocorrido algum problema. Soube que a outra mãe teve uma crise;, contou José. Os pais de outro bebê, Dicléia Kelly e Gilmar Nascimento, tinham descoberto o erro minutos antes, mas ainda no hospital de Sobradinho. O filho deles levava a pulseirinha com o nome Fernanda, mãe de Haysson. Desconfiaram, então, que não podia ser o garoto nascido às 14h do dia anterior e de parto cesariana. O desespero dos casais ainda aumentou por causa da dúvida quanto ao lugar onde estaria o verdadeiro filho. Pelo menos 12 crianças nasceram entre quinta-feira e sábado no Hospital Regional de Sobradinho. A maioria de moradores de estados vizinhos ao DF. Por precaução, as mães e os bebês brasilienses voltaram à internação antes do fim da tarde de sábado. Mas com a incerteza da maternidade na cabeça. ;Cada uma continua com o filho que o hospital entregou. Só que a minha esposa não sabe se dá de mamar para um ou para o outro;, afirmou o técnico José. As duas mães eram mantidas em um mesmo quarto e sob a guarda de policiais civis da 13ª Delegacia de Polícia (Sobradinho) até o início da noite de ontem. Rosana Ferreira, mãe da Dicléia, disse que a filha está com as pernas inchadas e muito triste. ;Até agora ela não recebeu nenhuma assistência de psicólogos ou de assistente social. Ainda estamos muito apreensivos;. Os pais estiveram pela manhã no Instituto de Criminalística da Polícia Civil. Tiveram o sangue coletado para testes de DNA. Serão feitos em caráter de urgência. A previsão é de que o resultado saia entre 8h e 14h de hoje. Falha grave A preocupação da Secretaria de Saúde do DF com o episódio pode ser medida por uma das frases ditas ao Correio pela subsecretária de Atenção Básica à Saúde do DF, Tânia Torres. Segundo a médica, houve ;uma falha grave no nosso protocolo de controle de maternidade. Estamos apurando esse incidente.; Ela tomou conhecimento do caso no sábado à tarde e imediatamente comunicou o secretário de Saúde, Augusto Carvalho. A Polícia Civil também foi acionada e abriu inquérito para investigar o caso. ;Estamos contando com o apoio do Instituto Forense, que abriu um precedente e colheu o material para exame de DNA no domingo;, informou. A subsecretária também informou que a Secretaria de Saúde comunicou a troca de bebês ao promotor Diaulas Ribeiro, da Promotoria de Defesa dos Usuários dos Serviços de Saúde (Pró-Vida), que irá acompanhar as investigações. ;Queremos o problema esclarecido o mais rápido possível e com transparência;, disse Tânia. A Secretaria de Saúde também abriu uma sindicância interna para determinar como ocorreu a falha. As normas técnicas de funcionamento de maternidades determinam que, ao nascer, o bebê receba a mesma pulseira de identificação da mãe, ainda na sala de parto. É com esta pulseirinha que ela vai para o quarto e o nenê, para o berçário, caso seja necessário. Durante a alta, há nova conferência da identificação e só então os dois são liberados. ;Em algum momento esse sistema falhou e precisamos saber as causas;, disse Tânia. Colaborou Elisa Tecles

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