postado em 28/10/2008 08:37
O morador de uma casa do Park Way decidiu reagir ao ver um assaltante dentro de casa. Na noite de domingo (26/10), Leôncio Pinto Gonçalves Filho, 52 anos, matou a facadas Jefferson Marques de Oliveira, 22, na cozinha da própria residência. Segundo a polícia, o jovem teria invadido o lugar para furtar objetos, mas acabou descoberto pelos moradores.
Leôncio desapareceu após o assassinato e, até o fechamento desta edição, ainda não havia se apresentado à polícia. O delegado Fábio Costa, da 11ª Delegacia Polícia (Núcleo Bandeirante), quer interrogar o autor das facadas para apurar se ele agiu em legítima defesa ou se houve excessos.
Na residência do Conjunto 6 da Quadra 13 do Park Way, Leôncio mora com o filho, 23 anos, a irmã, 59, e a mãe. Esporadicamente, uma enfermeira é chamada para cuidar da saúde da senhora, que está doente. E foi a enfermeira ; que não teve o nome revelado a pedido da polícia ; quem viu o vulto na porta da cozinha, por volta das 20h de domingo. ;Estava vendo um filme e fui pegar um copo com água na cozinha. Levei um susto e gritei ;pega o ladrão;;, contou a mulher em depoimento na 11ª DP.
Todos da família estavam em casa no momento do flagrante. Com a gritaria, segundo as testemunhas, Leôncio teria ido até a cozinha com uma faca na mão. ;Todos relataram ter ouvido ruídos de luta corporal. Jefferson acabou morto a facadas;, disse o delegado Fábio Costa.
Após o crime, o autor ligou para o genro, de 39 anos, morador de Águas Claras, e fugiu. Ao chegar na casa, policiais e bombeiros encontraram a vítima sem sinal de vida. ;Trabalhamos com a hipótese de legítima defesa, pois Leôncio defendia a casa de uma invasão. Mas reação a um crime é sempre arriscada;, alertou Fábio.
Se for comprovada a legítima defesa, o homem não responderá por homicídio e ficará livre de pena. ;No entanto, ele ainda não se apresentou e não sabemos se havia envolvimento entre as partes ou as circunstância da tragédia. Pode ter havido excessos;, completou o delegado. Caso responda por homicídio, o homem ; que não tem passagem pela polícia e atualmente está desempregado ; pode pegar até 30 anos de cadeia.
Na tarde de ontem, o advogado do morador do Park Way esteve na 11ª DP para avisar que o cliente está na cidade e deve se apresentar nos próximos dias, mas não precisou a data. Segundo a irmã de Leôncio, que não quis se identificar, ele não se machucou, mas está nervoso. ;É a primeira vez que passamos por uma situação dessas, não sabemos o que fazer;, disse ela, que estava no quarto no momento da tragédia.
Segundo dados da Polícia Civil do DF, o pernambucano Jefferson tem diversas passagens em delegacias, por crimes como furto roubo, lesão corporal e desobediência. A última prisão dele ocorreu em junho, quando ele agrediu a parceira com quem tem uma filha pequena.
Caseiro problemático
De acordo com familiares de Leôncio, o autor da tentativa de furto havia trabalhado como caseiro da residência por três anos. ;Despedimos ele há cerca de um ano, justamente porque ele tinha roubado dinheiro da minha carteira;, afirmou a irmã. Ela disse que após o afastamento de Jefferson, começaram a ocorrer pequenos furtos na casa. ;Chegamos a ver ele (o ex-caseiro) pegando tênis do meu sobrinho e até minha bolsa sumiu;, acrescentou ela.
Ocorrências registradas na 11ª DP e na 4ª DP (Guará) confirmam os crimes cometidos no período. Sem família na cidade, Jefferson trabalhou em uma chácara de um assentamento na zona rural de Brazlândia há cerca de 10 meses. ;A gente confiava nele;, disse o agricultor Eduardo Cubota, dono do terreno, que soube da morte pela equipe do Correio.
Na ocorrência policial, o endereço de Jefferson condiz com o da família da chácara do Incra, que mora no Guará II. Mas os vizinhos afirmam que ele nunca morou lá. Na padaria onde a vítima chegou a prestar serviços por poucos meses, no Guará I, o gerente revelou que teve problemas por furtos. ;Ele era um rapaz educado, mas roubava dinheiro e outros objetos da loja;, contou o homem, sem revelar o nome.