Cidades

Casal completa bodas de diamante no DF

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postado em 28/10/2008 08:55
Em 1928, quando Aparecida Marques Teixeira veio ao mundo, o demógrafo norte-americano Louis Dublin não daria mais que 64 anos de vida para a recém-nascida. A dona-de-casa contrariou a expectativa definida pelo especialista na época e hoje tem 80 anos. Sessenta deles vividos ao lado de Cristino Antônio Teixeira, 81 anos, outro recordista. O casal de mineiros completou ontem bodas de diamante, marca alcançada após seis décadas dividindo o mesmo lar. Cristino e Aparecida são de um tempo em que viver muito era privilégio de poucos. Os dois desafiaram as estatísticas, o boom dos divórcios, a era dos solteiros convictos, e continuam juntos. A união iniciada em Estrela do Indaiá, interior de Minas Gerais, veio parar em Brasília em 1968. ;Ele chegou em casa um dia e mandou eu encaixotar tudo para colocar no caminhão e ir embora no dia seguinte;, lembra Aparecida. No veículo, também vieram os seis filhos do casal, que anos depois dariam aos pais 14 netos e quatro bisnetos. As fotos dos descendentes ocupam quase todo o móvel da sala da casa onde os aniversariantes vivem, em Taguatinga. Atrás de tantos porta-retratos, uma fotografia amarelada mostra Aparecida de véu e grinalda junto do noivo, no dia do casamento. ;Tinha gente demais na igreja. Na época, eram dois casais por vez porque o padre só casava às quartas-feiras;, diz a dona-de-casa. Os dois se conheceram porque moravam em fazendas vizinhas e as famílias eram amigas. Em uma festa, Cristino chamou Aparecida para dançar e o romance começou. As visitas do namorado só aconteciam na presença de um adulto. ;Era o pai aqui, a mãe ali, eu de um lado e o Cristino do outro. Depois do casamento é que tinha direito de abraçar;, comenta Aparecida. As melhores lembranças dos anos de casamento são os nascimentos dos filhos. Todos de parto normal, em casa. ;Eu fazia a comida e cuidava dela nesses dias, era muito bom;, afirma Cristino. A mudança para Brasília nos anos 1960 também marcou a vida dos mineiros. ;Aqui tinha facilidade para estudar e trabalhar;, lembra o marido. O local escolhido para o novo lar foi Taguatinga, que na época tinha poucas construções de alvenaria. ;Era mata pura. Fomos morar em um barraco de madeirite com o fundo de papelão. Era um quarto, um banheiro e uma cozinha;, recorda-se Aparecida. Em Taguatinga, no início da década de 1970, eles construíram a casa onde moram até hoje. Os horários são os mesmos do tempo da fazenda. Acordam às 6h e jantam às 18h. Nesse meio tempo, Cristino trabalha na gráfica da família e Aparecida cuida da casa e treina o croché. Aos fins de semana, os cômodos se enchem de visitas. ;É a melhor coisa do mundo quando os filhos e os netos estão todos aqui;, derrete-se a mulher. Brigas resolvidas Os desentendimentos, eles reconhecem, sempre existiram. ;A briga faz parte do amor. Se não discute, é porque não tem amor;, defende Cristino. A maior parte das brigas acontecia quando os filhos eram pequenos e a mãe achava que o marido era muito rígido com os meninos. O segredo do casal é não levar nenhuma discussão para o dia seguinte. ;Tem que ter muita paciência e não levar tudo a sério;, aconselham. Eles garantem que não existe ciúme algum na relação. A união serve de inspiração para a família. A neta Aline Cristine Teixeira, 31 anos, enxerga nos avós o futuro que gostaria de ter. ;Eles nos dão vontade de encontrar o amor verdadeiro.; Filhos e netos do casal juntaram dinheiro por dois anos e organizaram uma festança em homenagem às bodas de diamante. Os aniversariantes já compraram roupas novas e tiraram fotos para ilustrar o convite da comemoração, marcada para 1º de novembro. Será a primeira vez que Cristino e Aparecida celebrarão bodas de casamento.

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