Cidades

Espanto e revolta marcaram as reações de alunos que assistiram peça sobre corrupção

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postado em 30/10/2008 08:34
reflexão sobre honestidade e preocupação com futuras gerações prendeu a atenção
A estudante Karine Quaresma, 11 anos, pensava que corrupção se resumia às falcatruas realizadas por políticos e pessoas de muito poder. Ela não pensava que essa palavra feia pudesse fazer parte do seu dia-a-dia. Só depois de assistir à peça O que você tem a ver com a corrupção? é que a menina percebeu a maldade nos pequenos atos que fazia para conseguir alguma vantagem. ;Quem nunca mentiu ou furou uma fila? Já fiz isso, sem pensar que estava prejudicando alguém. Depois do que aprendi hoje, pretendo mudar meu comportamento;, contou. Assim como Karine, aproximadamente mil alunos da rede pública e particular de ensino tiveram a oportunidade de assistir à mesma peça ontem no Teatro Nacional Claudio Santoro. O grupo Red de atores amadores, de Joinville ; com texto do promotor catarinense Afonso Guiso ;, apresentou para alunos do Ensino Básico a história de duas famílias completamente diferentes. Enquanto uma valorizava qualidades como honestidade e perseverança, a outra só pensava em modos de tirar vantagem de qualquer situação para se dar bem no final. Não demora para ficar claro os problemas provocados pela corrupção e o modo como ela atrapalha a vida das pessoas honestas e trabalhadoras. A peça faz parte da campanha O que você tem a ver com a corrupção?, organizada pelo Ministério Público do Distrito Federal juntamente com o Tribunal de Contas do DF e do Tribunal de Justiça do DF. O evento espera despertar nas gerações mais jovens valores éticos e morais, além de provocar uma auto-reflexão na conduta diária das crianças. As lições contra as atitudes desonestas terão continuidade nas escolas. Hoje, serão entregues 620 kits com vídeos da campanha e cartilhas de esclarecimento sobre o exercício da cidadania e a necessidade de enfrentar o problema da desonestidade com atitudes como o combate às drogas e o acompanhamento das contas públicas. Estrelas ;Queremos passar para eles um sentimento anticorrupção. Porque as atitudes que corrompem alguém começam em casa, com o pai que dá uma bala ao filho com o pedido que ele não conte algo para mãe ou com o menino que cola na prova da escola. Mostramos para eles que isso é errado;, detalhou o procurador-geral do DF, Leonardo Bandarra. ;Incentivamos esses jovens a não praticarem atividades corruptas. A criança também tem um papel muito importante no controle da postura dos pais. Os ensinamentos que elas recebem acabam passados para eles também;, afirmou a juíza da 6ª Vara Criminal de Brasília Geilza Diniz. Atores famosos de novela marcaram presença no evento e fizeram a meninada vibrar. Milton Gonçalves, que interpreta um político corrupto em A favorita, abraçou a campanha e procura orientar os jovens, assim como o artista Rafael Almeida, da Malhação. ;Não podemos realizar uma mudança tão radical da noite para o dia. Mas temos como plantar uma idéia hoje para que gerações futuras possam colher os frutos do que fizemos;, defendeu Milton. ;O jeitinho brasileiro tem que ser um jeito honesto. É isso que queremos mostrar para eles;, destacou Rafael. Muitos alunos acreditam ter aprendido lições valiosas no evento de ontem. E prometem se tornar vigilantes para que os corruptos não tenham vez no futuro. ;Se a gente não faz a nossa obrigação, não vamos ter o direito de cobrar os nossos direitos;, afirmou a estudante Geovana Pessoa, de 11 anos. Ela estuda no colégio particular Centro de Criatividade Infanto Juvenil, em Samambaia, e contou que a apresentação ficará marcada em sua memória. ;Gostei muito e fazia tempo que não ia ao teatro. Acho isso legal. Gostaria de ver mais peças;, acrescentou. A professora de geografia do Centro de Ensino Fundamental da 507 de Samambaia também elogiou o evento. Acostumada a passar valores e lições de cidadania para seus alunos, ela espera que outros professores adotem posturas semelhantes depois que as escolas receberem os kits da campanha. ;Eu mesma irei repercutir o que vimos aqui com outras turmas que não tiveram oportunidade de vir;, prometeu. O estudante Jonata Teixeira Valério, 12 anos, pretende fazer o mesmo. ;Vou ajudar meus pais, que podem conscientizar amigos e talvez até políticos;, concluiu.

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