Cidades

Menina de 4 anos que teria sido espancada pela mãe continua na UTI

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postado em 02/11/2008 10:08
A menina de 4 anos internada na UTI pediátrica do Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF), enfrenta, sozinha, a recuperação de lesões no corpo e na cabeça, supostamente provocadas por espancamento. A mãe dela está presa, acusada pela polícia de ter provocado os ferimentos. O padrasto também foi indiciado por suspeita de omissão no crime de lesão corporal grave.

Neste sábado, os médicos se esforçam para encontrar um familiar que pudesse fazer companhia à criança. A chefe de equipe do HB, Máslova Ayres, tentou contato com o Conselho Tutelar, mas foi informada de que o órgão não faz plantão no fim de semana. Acionou então, a polícia, para tentar localizar algum parente.

O Correio apurou que a menina vive há apenas quatro meses com a mãe, o padrasto e duas meio-irmãs, em uma casa no Condomínio Del Lago, no Itapoã, perto do Paranoá. Até então, ela era criada pelos avós maternos em Bacabal (MA). Ontem pela manhã, uma amiga do casal ligou para a irmã mais velha da mãe da criança e contou toda a história. ;Ela ficou chocada e disse que a irmã não faria uma coisa dessas com a filha;, relatou a comerciante Iris da Silva. A tia da criança afirmou que viajará a Brasília.

No fim do dia, o Correio falou com a conselheira tutelar do Paranoá Ivonete Barbosa. Ela soube pela reportagem do drama da garotinha e informou que iria ao hospital. ;Temos de ver o real estado dela e, se comprovarmos que ela está sozinha na UTI, localizar um responsável. Precisamos pensar também na situação da criança após a alta, para determinar quem terá a tutela;, explicou.

No último boletim médico, divulgado às 15h30 de ontem, o pediatra Cesar Zahloth confirmou em nota que a criança teve traumatismo craniano. As condições clínicas são satisfatórias. Ela respira sem a ajuda de aparelhos, mas os sinais vitais continuam monitorados. Não corre risco de morrer.

A criança chegou ao HBDF por volta das 18h de sexta-feira, transferida do Hospital Regional do Paranoá. Tinha marcas no corpo e respirava com a ajuda de um balão de oxigênio. Os médicos suspeitaram que ela fora vítima de maus-tratos e chamaram os policiais da 6; Delegacia de Polícia (Paranoá). A mãe da menina, uma manicure de 23 anos, acabou presa. Ontem de manhã, foi transferida para o Presídio Feminino do DF (Comeia).

Segundo o delegado de plantão da 6; DP Edson Medina, o documento assinado pelo médico não deixou dúvidas. ;No laudo preliminar, ele fez constar o seguinte: paciente vítima de espancamento, apresentando lesões corporais, hematomas e edemas, inclusive edema cerebral com perda de sensibilidade em parte do corpo. Era a prova técnica de que precisávamos;, disse Medina.

Certeza
O delegado acrescentou: ;Não há dúvidas de que parte das lesões da vítima foi produzida pela investigada, conforme laudo e sua própria confissão de que surrou a criança com um cinto dias atrás;. O fim do inquérito depende de um laudo médico que vai revelar se o edema cerebral foi provocado pela surra ou pela queda que a mãe mencionou no depoimento.

O padrasto da criança tem 24 anos, é padeiro, mas está desempregado. Chegou a ficar detido com a mulher e só foi liberado por volta das 3h. Ele está com as duas filhas do casal na residência da mãe dele, no Paranoá. O rapaz nega que os ferimentos na cabeça da menina tenham sido provocados por uma surra de cinto. Segundo ele, a criança teria se machucado há cerca de uma semana ao subir no velotrol para tentar pegar um doce em cima da geladeira. Teria caído e batido a cabeça no chão. ;A surra que a mãe deu veio dias depois;, confirmou o rapaz, que não foi ao hospital porque ;não sabia que poderia acompanhar a enteada;.

Segundo o padrasto, na sexta-feira, nenhuma agressão ocorreu. A garota teria se sentido mal e desmaiado após sair do banho. O comerciante Naopelão Pontes Filho foi quem levou a menina e a mãe ao hospital. ;A mulher estava desesperada, fiquei comovido.;

A 6; DP vai acionar a Delegacia de Proteção da Criança e do Adolescente (DPCA) para que os psicólogos do distrito especializado ouçam a pequena vítima.

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