postado em 05/11/2008 13:25
Os responsáveis pela obra em que houve um deslizamento de terra, na tarde desta terça-feira (04/11), podem responder por homicídio culposo ; em que não há intenção de matar. É o que afirma o delegado-chefe da 2ª DP (Asa Norte), Antônio Romeiro, responsável pelas investigações. ;Vamos investigar se houve falha. Se constatada alguma negligência, os responsáveis serão indiciados;.
O operário Genivaldo Reis de Novaes, 34 anos, trabalhava em uma construção no bloco H da 714 Norte e, após deslizamento de terra, ficou soterrado por 25 minutos. Genivaldo foi encaminhado ao Hospital de Base de Brasília (HBB), com parada cardiorespiratória. Os médicos não conseguiram reanimá-lo.
Peritos da Polícia Civil estiveram na obra depois do acontecido. O laudo pericial preliminar deve sair hoje. Segundo informações da Administração de Brasília, a obra não tinha alvará de construção. Mas o delegado destaca que, até o final da tarde, saberá das condições de funcionamento da construção com mais detalhes.
Antônio Romeiro conta que o possível engenheiro responsável pela construção, Paulo Roberto Bágio de Castro, foi intimado ainda na terça-feira (04/11) a comparecer para prestar esclarecimentos, mas se recusou a ir à delegacia. Hoje ele deve ser ouvido.
A Defesa Civil, acionada após o desabamento, interditou a casa vizinha, em que moravam seis pessoas, entre elas Elisa Teixeira, de 93 anos. Segundo o tenente Carvalho, que acompanha o caso, não há previsão de quando a família poderá retornar para a casa. ;Até que o engenheiro responsável pela obra proceda reforço estrutural e estabilize o terreno, não podemos deixar eles retornarem;. Ele ainda explica que, como a fundação ficou exposta, com o risco de chuva, pode haver novo deslizamento e comprometer a estrutura da casa ao lado.
Desabamentos
Segundo informações do Centro Integrado de Atendimento e Despacho (Ciade) do Corpo de Bombeiros, em 2007 ocorreram 49 desabamentos de terra e 15 desmoronamentos de construções em todo o Distrito Federal.
No último mês, outro desabamento deixou dois operários que trabalhavam em uma obra do Tribunal de Contas da União parcialmente soterrados. Eles foram resgatados com vida e não sofreram ferimentos graves. Ainda em outubro, ocorreram três princípios de desabamentos e queda de uma parede, após chuva. Mas não houve vítimas.
O professor de fundação do curso de Engenharia Civil da Universidade de Brasília (UnB), também presidente da Infrasolo ; empresa especializada em patologias de edificações ; afirma que, em épocas de chuva, os riscos de desabamentos são eminentes e os cuidados devem ser redobrado. ;Os solos conhecidos como argilas vermelhas, presentes em grande parte do Brasil, quando molhados pesam muito e ficam fracos. Isso aumenta o risco de desabamentos;.
Ele explica os sinais a serem analisados e que servem de alertas. ;Antes de acontecer o desabamento, começa a aparecer trincas, há cerca de um terço de distância da altura da escavação. Por exemplo, em escavações de 9 metros, as trincas aparecem há cerca de 3 metros do buraco. Quando são de 3 milímetros ou mais, a possibilidade de desabamento é grande;.