Cidades

Panes de energia elétrica causam perdas aos brasilienses

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postado em 08/11/2008 08:28
Embora muitos brasilienses associem as quedas de energia elétrica às chuvas, como a da última quarta-feira, é o calor que mais tem colaborado para as panes na rede do Distrito Federal. Segundo a Companhia Energética de Brasília (CEB), com as altas temperaturas na cidade, os aparelhos de ar-condicionado estão sobrecarregando o sistema. Para os consumidores, porém, o que tem aumentado são os prejuízos com as falhas no abastecimento de eletricidade. As chuvas fortes são um adicional aos problemas, como moradores, empresários e comerciantes perceberam na semana passada. A CEB explica que, além da sobrecarga na rede, a chuva rompeu cabos. Quem trabalha na 708/709 Norte, por exemplo, calcula as perdas pela irregularidade no fornecimento de energia. Negócios e equipamentos de informática e eletrodomésticos foram perdidos devido às quedas de luz. Os proprietários de um cursinho preparatório instalado na 709 Norte estão buscando orçamentos para a troca de dois aparelhos de ar-condicionado perdidos após as quedas bruscas da eletricidade. Mas a secretária-geral da instituição, Fernanda Figueiredo Torres, afirma que as dificuldades em utilizar aparelhos eletrônicos existem até mesmo quando o fornecimento parece em ordem. ;Chamamos um técnico e ele constatou que a tensão normal que deveria estar entre 220 e 240 volts estava em 180. Assim não consigo funcionar em plena capacidade porque não posso ligar todas as minhas máquinas para trabalhar;, reclama. A escola planeja entrar com um processo contra a CEB pedindo a restituição do dinheiro gasto com os consertos dos aparelhos estragados. No mesmo edifício comercial, um empresário teve prejuízos ainda maiores. Na sexta-feira, ele precisou fechar a loja, uma revendedora de celular. A decisão foi tomada após constatar que quatro computadores, um switch (aparelho que conecta computadores) e um estabilizador queimaram. A loja só pôde ser reaberta na segunda-feira. Durante os dois dias em que ficou fechada, o empresário calcula que deixou de ganhar R$ 4 mil. ;Alem da perda do dinheiro também gastei com o conserto das máquinas e com a compra de uma gerador para evitar que eu passe novamente por essa situação;, contou o dono da loja, Orlando Oliveira da Silva Filho. Com chuva ou sol, os apagões são freqüentes na vizinhança do advogado Edgard de Brito Chaves, que mora na QI 29 do Lago Sul. ;Em 13 anos que moro aqui, já contei 300 faltas de energia. Como consumidor acho essa situação um absurdo. Vou entrar na Justiça por danos morais;, garante. Ar-condicionado Segundo o superintendente de operações do sistema elétrico da CEB, Marcus Fontana, o calor acima do normal nas últimas semanas tem sido o grande vilão da rede elétrica do DF. O crescimento do número de aparelhos de ar-condicionado e ventiladores ligados provocou uma aumento da carga de energia na cidade. ;Muitas pessoas fazem um acréscimo de carga sem solicitar antes que um técnico verifique se as instalações internas têm capacidade para receber novos aparelhos;, explica. A última pane teria sido provocada pela sobrecarga na rede que atende a Asa Norte. ;Uma subestação entrou em sobrecarga mas já estávamos preparando na ampliação do sistema. Acreditamos que o calor provocou uma pane causando a interrupção do fornecimento de energia. Mas estamos trabalhando e ampliando o sistema para adequar ao crescimento da carga;, informa. Entretanto, Marcus Fontana nega que a rede elétrica do DF esteja trabalhando em seu limite. A própria CEB já reconheceu, porém, que existem áreas problemáticas para o fornecimento de energia. O grande exemplo é a Asa Norte, onde foram feitos poucos investimentos na última década. A falta de investimentos chegou a valer uma multa de R$ 5 milhões, aplicada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) no ano passado. Agora a empresa tenta recuperar o tempo perdido. Para ampliação da rede, a companhia investiu R$ 80 milhões em 2007 e a estimativa é que este ano o setor receba R$ 190 milhões. Em 2009, os investimentos devem chegar a R$ 215 milhões. Os consumidores que se sentirem prejudicados devem procurar uma agência de atendimento da CEB para pedir o ressarcimento dos prejuízos. Lá, devem preencher um formulário e esperar a resposta por até 60 dias. Se o pedido for aceito, o cliente receberá o valor pedido em 30 dias.

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