postado em 10/11/2008 08:17
Só um transplante de fígado pode salvar a vida de Ananda Layza Bonfim, de 5 anos. No sábado à tarde, como o Correio mostrou na edição de ontem, a menina precisou ser transferida para São Paulo em um avião da Força Aérea Brasileira. A operação mobilizou o governo e médicos da Secretaria de Saúde. Já na capital paulista, Ananda foi examinada por especialistas do Hospital das Clínicas que verificaram a gravidade do caso. Diante da urgência, a cirurgia da menina terá prioridade: ela entrou diretamente no primeiro lugar da fila de espera por um novo fígado. A cirurgia pode ser feita a qualquer momento. Até o fechamento desta edição, Ananda estava internada no Instituto da Criança do Hospital das Clínicas, à espera do transplante.
Como o estado de saúde da menina é delicado, os médicos decidiram também buscar possíveis doadores na família da criança. Na cirurgia hepática intervivos, parte do fígado do doador é retirada para implantar no paciente com falência no órgão. Como o fígado se regenera facilmente, a recuperação do doador é rápida e não há grandes riscos para a saúde de quem perdeu parte do órgão. A prioridade é conseguir um doador morto para Ananda. Mas se não houver nenhum compatível nos próximos dias, a equipe do Hospital das Clínicas já analisa a possibilidade de usar, por exemplo a mãe da menina, a empregada doméstica Marineide de Oliveira Bonfim, 24 anos, como doadora. Já estão sendo realizados para saber se mãe e filha são compatíveis para a realização do procedimento.
Na 315 Norte, onde Marineide trabalha, a patroa da mãe de Ananda se uniu a familiares da doméstica para fazer uma corrente de orações pela menina e para esperar por notícias vindas de São Paulo. Neide, como é conhecida, sempre foi tratada como integrante da família de Márcia Maria Pinto, de 62 anos. Sem netos, ela cuida de Ananda como se tivesse ligações consangüíneas com a criança. ;Para que a Neide pudesse estudar à noite, minha mãe decidiu tomar conta da Ananda todos os dias. Nós estamos sofrendo tanto quanto os parentes da menina;, conta a enfermeira Liliana Pinto Santos, 42 anos, filha da patroa de Marineide. Ela foi a São Paulo acompanhar mãe e filha durante essa batalha para tentar salvar a criança.
Na primeira noite de internação, Ananda apresentou quadro de edema cerebral, que precisou ser controlado pelos médicos do Hospital das Clínicas. ;Esse tipo de problema é recorrente em quadros como o da Ananda. Como uma das funções do fígado é regular o funcionamento do organismo, a falência hepática causa várias outras conseqüências;, explicou o pediatra Filipe Lacerda, do Hospital Regional da Asa Sul, o primeiro a acolher a menina e a fazer o diagnóstico do caso. A saída será controlar os novos sintomas enquanto a cirurgia não chega.