postado em 12/11/2008 08:26
;Tia, minha mãe está caída lá no chão com o meu irmãozinho;
A frase da menina Kauane, de apenas 4 anos, alertava para o pior. ;Perguntei: e por que eles estão no chão? Ela respondeu: porque tomaram um choque. Saí correndo em busca de socorro;, contou, inconsolável, a cabeleireira Simone Martins Almeida, 31 anos, tia da garota. Quando os vizinhos chegaram, mãe e filho estavam desacordados. Eles foram colocados em um carro e levados para o Hospital Regional de Planaltina, onde, segundo os médicos já chegaram sem vida.
As vítimas são a também cabeleireira Cristiane Martins, 34 anos, e o filho mais novo, Cristian Martins da Silva, de 2 anos e 4 meses. No hospital, a causa da morte atestada pelos médicos foi choque causado por tanque de lavar roupa. Mas o ponto de partida da descarga elétrica só será definido após a perícia da Polícia Civil, que fica pronta em até 30 dias. Chovia na hora do acidente.
O delegado de plantão da 16ª Delegacia de Polícia (Planaltina), Jean Fernandes, afirmou que os vizinhos que socorreram a mulher e a criança contaram que havia um fio partido sobre o menino. ;Pode ser que ele tenha sido atingido pelo fio, a mãe tenha tentado socorrer e também recebeu a descarga elétrica. Mas isso ainda não é certo;, ressaltou.
Ainda de acordo com delegado Jean Fernandes, os agentes que estiveram no local fizeram o seguinte relato: um fio de eletricidade era usado como varal de roupas e estava amarrado a uma janela de ferro. Encostado a esta mesma janela, havia um fio desencapado e com corrente elétrica. ;Pode ser que este fio, encostado na janela, tenha conduzido eletricidade para o varal de roupas que se rompeu e atingiu a criança. O garotinho tinha um corte profundo na perna, que pode ter sido provocado pelo rompimento deste varal;, comentou o delegado.
Abraço forte
Logo depois da tragédia, a casa da irmã de Cristiane, que mora perto da casa da vítima, ficou lotada de amigos e familiares. A inocência de Kauane, que viu a mãe e o irmãozinho desmaiados no chão e avisou a tia, não permitia que ela entendesse a gravidade da situação. A menina de pele morena e cabelos cacheados na altura dos ombros andava de um lado para o outro, desviando dos visitantes. Ao vê-la entrando no quarto, recebeu um abraço forte da tia Simone.
Cristiane era casada e tinha três filhos. Além de Cristian e Kauane, era mãe de Milena, 9 anos, e cuidava de Raiane, filha do primeiro relacionamento do marido. Na tarde de ontem, a cabeleireira deveria ter ido trabalhar no salão. Mas o medo da chuva forte e dos trovões a fez ficar em casa. ;Ela esperou a chuva passar e foi embora. Disse que ia lavar a roupa. O Cristian ficou dormindo aqui. Quando acordou, minha filha o levou para lá. Não passou meia hora e a Kauane entrou aqui contando essa tragédia;, relatou Simone. A família mora no Bairro Nossa Senhora de Fátima, perto do Centro de Internação de Adolescentes de Planaltina (Ciap), na periferia da cidade.