Cidades

Ladrões agem com facilidade nas imediações das escolas na Asa Norte e Sul

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postado em 17/11/2008 07:51
Ir e voltar para a escola sem ser assaltado já é encarado como sorte por alunos de colégios particulares das asas Norte e Sul. Em setembro, o Correio mostrou como a ocorrência desse tipo de crime é freqüente e assusta estudantes, pais e diretores das unidades de ensino. Na época, a Polícia Militar prometeu reforçar o policiamento nos arredores das escolas por tempo indeterminado. A sensação de insegurança, porém, continua dois meses depois, e um agravante torna o problema ainda mais sério: de lá para cá, em pelo menos três casos, alunos foram abordados por pessoas com arma de fogo, e não apenas com facas e canivetes. Crianças e adolescentes vivem amedrontados com a possibilidade de serem as próximas vítimas do oportunismo de criminosos em busca de celulares, relógios, tênis de marca e aparelhos de MP3 player. De acordo com novo levantamento feito pelo Correio em 10 escolas ao longo da última semana, no mínimo 15 assaltos ocorreram desde setembro. Orientadores educacionais se surpreendem a cada dia com relatos de alunos. E alegam que estão de mãos atadas, pois não podem garantir a segurança dos estudantes depois que eles atravessam o portão. Em salas de aula, insistem em dar dicas para minimizar os riscos de assalto (veja quadro). A PM, assim como na reportagem de setembro, não divulgou números oficiais. Apesar da sensação de insegurança permanente nas proximidades das escolas, o subcomandante do Batalhão Escolar, major José Cláudio Carvalho, afirmou que o policiamento ostensivo prometido há dois meses se mantém. É ordem, segundo ele, da cúpula da polícia. Carvalho comentou que o fenômeno da violência é dinâmico e classificou de imediatista a visão de diretores, que exigem um policial exclusivo para cada instituição de ensino. ;É o sonho de consumo deles, mas existem 1.074 escolas em todo o Distrito Federal e tenho que usar do mínimo de inteligência possível para prover a segurança de todas;, argumentou. As rondas, garantiu o major, são feitas todos os dias. Alunos, porteiros e coordenadores dos colégios visitados pelo Correio, no entanto, disseram ver raramente a polícia por perto. Na última quarta-feira, a reportagem circulou pelos arredores das escolas entre 7h e 14h. Viu um único carro da polícia às 12h40, passando em frente ao Centro Educacional Leonardo da Vinci da Asa Norte. ;Se tem policiamento, não vejo e não está sendo suficiente;, disse Conceição de Araújo, 42 anos, funcionária daquele colégio e mãe de dois alunos. ;Nós não temos policiamento, não estamos seguros;, completou a orientadora do Colégio JK (906 Norte), Ana Cristina Amorim. Os assaltos têm ocorrido com freqüência nas quadras 700 e 900 da Asa Norte, caminho de muitos alunos que vão para a escola a pé ou de ônibus. Próximo à 716, dias depois de o Correio publicar reportagem sobre o assunto, um grupo de estudantes do Leonardo da Vinci teve que entregar celulares e aparelhos de MP3 a um homem armado. ;Eu sempre junto umas amigas para descerem comigo até a parada, mas morro de medo;, confessou uma aluna do 1º ano do ensino médio, de 14 anos. ;Tem que andar sempre prestando muita atenção;, emendou uma colega dela do 2º ano, 16 anos. Preocupação Locais pouco movimentados, como becos, são os preferidos dos assaltantes. O delegado Antônio Romeiro, chefe da 2ª Delegacia de Polícia (Asa Norte), informou ser proibido de divulgar estatísticas, mas confirmou que os assaltos continuam. Ele voltou a destacar que esse tipo de crime é praticado por bandidos amadores. O certo é que, com ou sem experiência, eles têm agido livremente. Uma aluna de 17 anos do Centro Educacional Sagrada Família (906 Norte) viveu momentos de desespero na volta para casa, em setembro. Um homem armado anunciou o assalto e a jogou no chão para levar um aparelho de MP3. ;Fico olhando para os lados. Tenho medo de ele estar em algum lugar;, desabafou a adolescente. A arquiteta Kátia dos Santos, 46 anos, soube que o filho, de 17, já havia sido assaltado depois que ele leu a matéria do Correio, há dois meses, e resolveu contar. Desde então, a mãe se esforça para buscar e deixar o filho na porta do colégio, na 906 Norte. ;Segurança é dever do Estado, está na Constituição. Só falta cumprirem;, destacou ela. ;Violência sempre preocupa. Quando se trata de crianças e adolescentes, que são presas fáceis, aí preocupa ainda mais;, comentou o administrador Luiz Fernando Pereira, 48 anos, pai de uma garota de 9 anos. Na Asa Sul, a preocupação não é diferente. Um aluno do Colégio Cor Jesu (615 Sul) foi parar no hospital após um assalto. ;Ele foi espancado e teve que ficar um tempo internado;, contou a coordenadora do ensino médio, Daniela Laender. ;A ação contínua da polícia é impossível, mas hoje vivemos a insegurança e a sensação de insegurança;, ressaltou o diretor do Sistema COC (604 Sul), Daniel de Souza, que já pediu à PM mais policiamento. A delegada titular da 1ª DP (Asa Sul), Martha Vargas, informou que trabalha para mapear as áreas de maior risco e identificar os autores dos assaltos: ;Estamos presentes, mesmo que ninguém nos veja;.

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