postado em 18/11/2008 08:48
O assédio do público e os flashes a pegaram de surpresa. Tímida, a loira de 1,60m de altura, se assustou no primeiro desfile e ensaio fotográfico que fez na vida. Os assobios, as cantadas dos rapazes e os elogios das senhoras que passavam pela rua fizeram a jovem de 19 anos suar frio. Da barriga aos pés. A pedido do Correio, ela usou o centro de sua cidade natal como cenário para preparar-se para o grande dia em que disputará o título de Miss Ceilândia 2009, primeiro evento do gênero na cidade.
No fim das contas, Mileyde Salete de Araújo tomou gosto. ;Fiquei com muita vergonha. Mas depois me senti uma Gisele Bündchen;, divertiu-se ela, referindo-se a uma das maiores modelos do mundo. Ela, Mirelle Feliciano Amaro, 21, e Evanielle Teixeira da Silva, 18, ambas moradoras de Ceilândia, fazem parte do time das primeiras candidatas inscritas no concurso desde a última sexta-feira. Mas a organização do evento já se preparou: se o número de interessadas ultrapassar 50 haverá uma pré-seleção. As inscrições seguem até 30 de novembro.
De toda forma, a escolha da miss Ceilândia ocorrerá em 17 de dezembro. O prêmio? Representar sua cidade no Miss DF que será realizado em março de 2009. E daí para o Miss Brasil é um pulo. A vencedora receberá a inscrição do concurso nacional ; no valor de R$ 30 mil ; gratuitamente e as passagens de ida e volta para o grande final da festa.
Condições
Por enquanto, as regiões administrativas do Distrito Federal realizam as seletivas. Algumas cidades optam por indicar sua representante. Em Ceilândia, pela primeira vez, a candidata será escolhida em evento nos moldes da competição nacional. Para tanto, basta ter idade maior que 18 anos e menor que 24, ser solteira e não ter filhos.
Mileyde entrou na disputa por incentivo dos amigos. ;Sou tímida, nunca pensei em participar de algo assim. Mas meus colegas insistiram, disseram que eu levava jeito. Como não exigem altura eu tomei coragem;, disse a estudante de jornalismo de 1,60m de altura. Para não fazer feio, ela intensificou as idas à academia. ;Tenho orgulho da minha cidade. Se eu ganhar ficarei muito feliz em representá-la.;
Outra estudante, Mirelle já tem ar de profissional. Pose e olhar. Com os cabelos pretos compridos, a jovem de 1,76m já desfilou, fotografou e participou de eventos locais de beleza. Daí a desenvoltura. ;Há quatro anos, conheci uma menina que foi Miss DF e eu me encantei. Ser miss se tornou meu sonho. Porque o padrão é diferente da modelo. É mais sorridente, valoriza mais o carisma e menos a magreza e a seriedade na passarela;, analisou.
No ano passado, garante ela, chegou a ser indicada a representar Ceilândia no concurso de beleza local. ;Mas por falta de verba nenhuma menina da cidade chegou ao concurso;, lembrou Mirelle, que estuda comunicação social e quer fazer concurso público. Este ano, ela já se programa para cuidar da pele e do cabelo e vencer a disputa. ;E me preparo também na frente do espelho;, se diverte.
;Mas, para ser miss, não basta ser modelo. Tem que se preocupar com o que está representando, tem que ser inteligente e saber lidar com a questão social. Porque a menina pode estar saindo de Ceilândia para o DF e, quem sabe, para representar o país;, ensina.
Cidadania
Para o administrador de Ceilândia, Leonardo Moraes, realizar a seletiva é uma forma de inclusão social. ;Quando a organização do evento me procurou, me deram a opção de indicar uma menina. Mas por que, se o melhor é que todas possam disputar? O concurso tem que ser mais um motivo de inclusão para que essas meninas não fiquem apenas deslumbradas com dinheiro e sucesso;, disse ele.
Sendo assim, as meninas inscritas passarão por oficinas de boas maneiras para aprenderem a se comportar de acordo com as regras de etiqueta, e terão orientações por meio de palestras. ;Não é apenas um evento de beleza, ele também promove a cidadania. Por isso, vamos oferecer um ciclo de palestras que vão desde a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis à economia doméstica;, acrescentou o administrador.
Para a estudante Evanielle, o concurso Miss Ceilândia chegou para lhe dar ânimo. Nos últimos anos, a jovem havia desacelerado na busca pela profissão de modelo. ;Fiz curso, entrei para uma agência, mas quase nunca era chamada. Isso desanima;, contou.
Com o incentivo do pai, Evanio da Silva, 43, que trabalha na construção civil, a menina retomou as forças. ;Damos todo o apoio. Sempre digo para ela não se iludir para não sofrer. Mas fazemos tudo o que está ao nosso alcance para apoiá-la e vê-la feliz;, disse ele.
;Ser modelo é meu sonho desde os 6 anos de idade. Sempre me dediquei, participei de concursos e disputas de beleza. E, agora, se eu puder dar orgulho à cidade onde cresci, ficarei muito feliz;, disse Evanielle, que nasceu em Unaí (MG). ;Mas sinto como se tivesse nascido aqui. Eu amo Ceilândia;, emendou. Para se inscrever, basta se enquadrar nos critérios e preencher um formulário na Administração Regional da cidade.