Cidades

PM que atuava como taxista, mesmo sem licença, é acusado de atentado violento ao pudor

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postado em 20/11/2008 08:00
Policiais da 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul) investigam denúncia de atentado violento ao pudor feita contra um homem que trabalhava como taxista sem licença em uma empresa de radiotáxi da capital federal. O crime teria ocorrido por volta das 16h30 do último dia 13, depois que a mãe da vítima, uma jovem de 18 anos, pediu um táxi na 303 Sul para levar a estudante até o Instituto de Educação Superior de Brasília (Iesb) da 613 Sul. O motorista, que também é policial militar, teria feito perguntas sobre a intimidade da garota, que estava no banco de trás, como se ela tem namorado, se costuma sair, consumir bebida alcoólica e se gostaria de namorá-lo. Na chegada à faculdade, como a porta de trás não abria por dentro, o acusado desceu para ajudá-la. Entretanto, teria impedido a saída dela, tentado agarrá-la e dado um beijo no rosto da estudante. Acompanhada da mãe, a jovem fez o relato aos agentes da 1ª DP no dia seguinte. Os policiais checaram a ficha de Cláudio Dias Lourenço, 33 anos, e descobriram que ele já tem passagens por lesão corporal, estupro e cinco queixas prestadas por garotas de programa. A mãe da menina, que pediu para não ser identificada, disse que a filha está em choque. ;Só ontem conseguiu dormir um pouco e não quer mais sair de casa;, contou. ;Algo pior poderia ter acontecido. Eles não podem aceitar alguém com uma ficha criminal como a dele;, afirmou. Cláudio deu sua versão ao Correio. Por telefone, confirmou que a Corregedoria da PM o afastou das funções e já emitiu parecer pela sua expulsão da corporação (ele é soldado). O acusado admitiu que está respondendo a quatro processos por estupro. ;No primeiro, em 2002, fui absolvido por falta de provas;, disse. ;Eu realmente saí com a garota de programa, mas ela quis cobrar mais caro quando eu contei que era PM. Então, eu não paguei;, relatou. Em relação ao segundo processo, ele contou que foi condenado e está recorrendo da sentença. Sobre os outros três processos, diz que as mulheres que o denunciaram também seriam garotas de programa e, segundo ele, ;estão mentindo;. ;A Justiça vai provar que sou inocente;, diz. Cláudio ainda acrescentou que foi investigado em vários outros inquéritos com as mesmas acusações e ;todos foram arquivados;. Ele não soube dizer por que seria alvo de tantas falsas acusações. O processo de expulsão contra Cláudio foi aberto há cerca de um mês pela Corregedoria da PM. Ainda enquanto exercia a profissão, ele procurou várias empresas de radiotáxi de Brasília para trabalhar, mesmo sabendo que isso é proibido pela corporação. ;Preciso de dinheiro para ajudar minha mulher, que tem lúpus ; doença em que o organismo produz anticorpos contra si mesmo ;, a comprar remédios;, alega. O carro usado por ele para transportar passageiros também é irregular. O Palio, ano 2006, placa JHB 0929-DF, não tem licença do Departamento de Concessões e Permissões (DCP), da Secretaria dos Transportes, para prestar o serviço. ;Ele não é motorista nosso, não está cadastrado no departamento. O carro é pirata. Já acionamos a polícia e a fiscalização para pegá-lo;, disse Dilvan Rodrigues, diretor do DCP. O governo local exige que o candidato a motorista de táxi apresente certidão negativa criminal , atestado médico, carteira de habilitação e nada consta sobre débitos no GDF, além de certificados de cursos de qualificação. Os veículos têm que estar cadastrados no Departamento de Trânsito (Detran), com os documentos em dia e com as placas pintadas de vermelho. ;Nossa obrigação é apreender o carro e aplicar uma multa no valor de R$ 2 mil. Se for comprovado que a empresa de radio táxi adicionou o motorista sem a apresentação da autorização, ela também poderá responder criminalmente;, diz Rodrigues. Cláudio procurou várias empresas. O proprietário da Rádio Táxi Federal, Marcondes Gurgel Fernandes, contou que não permitiu que ele trabalhasse na sua empresa. ;Falei para ele que sem a licença não teria como;, disse Marcondes. Na Rádio Táxi Turismo foi diferente. Cláudio apenas apresentou a carteira de policial militar, de número 224.669, com validade até 20 de dezembro, documentos pessoais e do veículo (o Palio). O responsável pela empresa, Aurélio Paiva, admitiu que o acusado não teria apresentado a autorização de motorista e a do veículo para operar como táxi. ;Ele chegou aqui todo arrogante. Não sou eu que tenho que fiscalizar e sim o governo, eles ganham para isso. Nós fazemos o agenciamento de passageiro. Ele não é nosso empregado, é um autônomo;, esquiva-se Aurélio. Ontem, a Rádio Táxi Turismo expulsou Cláudio, depois de ser procurada pelo Correio. Flagrantes A presidente do Sindicato dos Taxistas, Maria Bomfim Santana, disse que são várias as denúncias contra taxistas piratas. Somente este ano, 75 foram flagrados pela fiscalização. ;A gente defende trabalhadores sérios. Uma pessoa dessa precisa sair do sistema , ressaltou. Há cerca de quatro meses, a Rádio Táxi Turismo, que atende pelo número 3325.3030, está com o cadastro de motoristas suspenso na DCP. Isso porque até hoje não apresentou ao órgão a certidão da Anatel com as estações e freqüências de cada motorista. Dilvan Rodrigues explica, no entanto, que, com a falta do documento, novos motoristas ficam proibidos de ser veiculados à empresa. Porém, ela pode continuar suas atividades. Cuidado para não pegar um carro pirata # Verifique se o táxi contém o selo de vistoria, emitido pela Secretaria de Transportes, no seu vidro dianteiro # O número da permissão, emitida pelo GDF, deve estar fixado no painel do carro # O crachá com foto de identificação do motorista deve estar em local visível # O taxímetro deve indicar R$ 3,30 ao ser ligado # O número do luminoso, na parte externa do veículo, precisa ser o mesmo exibido no painel # O taxímetro precisa apresentar lacre na parte lateral # Qualquer denúncia pode ser feita pelo telefone 3363-7350, da Diretoria de Transporte Público, da Secretaria de Transportes # Devem ser comunicados desde objetos esquecidos até crimes cometidos pelos condutores Fonte: Diretoria de Transporte Público/Secretaria dos Transportes Memória Reincidência no crime Em agosto de 2002, ano da primeira denúncia contra Cláudio Dias Lourenço, ele foi preso quando uma garota de programa que fazia ponto no Conic, à noite, denunciou a ação de estupradores na região. O primeiro estupro dos quatro de que é acusado, teria ocorrido em fevereiro de 2001, contra uma prostituta de 28 anos. Na época, quando ainda atuava como soldado da PM, a titular da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam), delegada Vera Lúcia da Silva, contou que as vítimas do acusado ;chegavam à DP imundas e aterrorizadas;. Segundo as acusações registradas da Deam, além de não pagar pelo programa, Cláudio amarrava e defecava sobre as mulheres. O DF teve outro caso de crime envolvendo um taxista este ano. No dia 16 de setembro, agentes da 2ª DP (Asa Norte) prenderam José de Oliveira, 50 anos, sob a acusação de que ele entregava pedras de crack usando o táxi em que trabalhava. Ele foi flagrado com 41 pedras da droga, na 714 Norte. José era investigado havia uma semana, depois de uma denúncia anônima. O motorista contou à polícia que recebeu as pedras no Setor Comercial Sul e as entregaria na Asa Norte. No ano passado, o taxista João de Deus Ferreira, 54 anos, foi condenado a mais de 80 anos de prisão por matar a tiros e colocar fogo nos corpos de Arlindo Manoel Dias, 73, Ana Maria Souza Dias, 47, Janaína de Souza, 14, e Jacinta Rosa Rodrigues, 56. Ele cometeu o crime para ficar com o carro que havia vendido aos dois primeiros.

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