postado em 21/11/2008 08:35
O Distrito Federal caiu de terceiro colocado no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para sétimo, se comparados os resultados deste ano com os de 2007. Com uma média de 51 pontos, na avaliação que vai de zero a 100, a capital ficou atrás do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e dos quatro estados do Sudeste no Enem 2008. Quando a leitura do resultado do exame leva em conta o desempenho de todas as unidades da Federação, há pouco a comemorar. Dezenove estados tiveram menos de 50% de acertos de média. Os números foram divulgados na noite de ontem juntamente com os boletins de desempenho dos quase três milhões de alunos que fizeram a prova objetiva e a redação. O Enem é uma das exigências para alunos de baixa renda que sonham com uma bolsa para cursar o ensino superior.
Para a Secretaria de Educação, contudo, a queda não quer dizer que a qualidade da educação oferecida no DF piorou. ;Quando avaliamos apenas os concluintes, os alunos do terceiro ano do ensino médio, vamos para primeiro lugar no ranking;, pondera o secretário José Luiz Valente. Além desses alunos, também fazem as provas os estudantes de outras séries do ensino médio ; para testar o conhecimento adquirido ; e egressos do sistema, ou seja, jovens que já terminaram os estudos mas fazem o exame com pretensões de entrar na universidade.
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) divulga a média geral de todas as unidades da federação e os dados separados, para que seja possÃvel fazer uma leitura total do Enem. No entanto, o gabinete do presidente do Inep, Reynaldo Fernandes, considera que levar em conta só concluintes é desconsiderar a maior parcela dos inscritos: 59,2% dos 2,9 milhões de jovens que fizeram a prova não estão nas salas de aula do 3º ano.
De acordo com Gustavo Amora, um dos responsáveis pela ONG Campanha Nacional pelo Direito à Educação, pinçar um dado é perigoso. ;Não se pode deturpar uma metodologia nacional;, considera o representante no DF da organização não-governamental que luta por qualidade na educação. Ele ressalta que outros estados não destrincham dados por ;conveniência;. ;Egressos não caem do céu. Eles têm relação com o ensino oferecido pela rede pública e privada.;
No DF, os egressos tiveram desempenho pior que os alunos que estão concluindo os estudos. Na média nacional, a relação é oposta. Os que estão fora da rede tiveram melhores notas. O primeiro colocado do paÃs, por exemplo, terminou os estudos no ano passado. A subsecretária de Planejamento e Inspeção de Ensino do DF, Solange Paiva, destaca que não é viável saber de onde vêm os alunos egressos, que poderiam ter qualquer idade e se formado em qualquer lugar do paÃs. Pela assessoria de imprensa, a secretaria pondera, ainda, que os resultados de um ano para outro são ;incomparáveis;, porque as populações inscritas, voluntariamente, são variáveis.
De qualquer forma, essa foi apenas a segunda vez em 11 edições do Enem que o DF não figurou entre os cinco primeiros. Em 2006 havia ficado em sétimo. Especialista em educação, Vital Didonet entende que BrasÃlia deveria figurar entre os melhores independentemente de levar em conta egressos, alunos da rede ou concluintes. ;Aqui os recursos investidos são muito mais altos.;
Alheia à discussão no âmbito governamental, Daniela Cardoso da Silva, aluna do 3º ano do Centro de Ensino Médio Escola Industrial de Taguatinga (Cemeit), dá seu diagnóstico sobre a prova. ;Tive dificuldade em algumas questões. E a redação também foi difÃcil. Apesar de o tema sobre meio ambiente ter sido interessante, não foi fácil escrever o texto;, afirma a estudante.