Cidades

Ibama apura troca de animais do Le Cirque

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postado em 22/11/2008 09:07
O Ibama quer que a direção do Zoológico de Brasília explique porque transferiu elefantes do Le Cirque para um hotel-fazenda em Santa Catarina, em detrimento do que determinara o órgão. A remoção foi realizada há uma semana. O Correio apurou que, de última a hora, houve troca de animais e de destino. A ordem do Ibama era para que a elefanta Madras fosse transferida para São Paulo. O que ocorreu, no entanto, sem o conhecimento do órgão, foi que as elefantas Carla e Rungi seguiram para o Sul do país. Madras permanece no Zôo. E era exatamente a garantia da integridade física dela que justificou o pedido do Ibama à Justiça para a remoção dos animais. Procurado pelo Correio, o coordenador de Fiscalização de Fauna do Ibama nacional, Antônio Gamme, afirmou que não teve conhecimento da mudança. O fato contrariou suas orientações. ;Na minha ausência, eu estava em São Paulo naquele dia, tomaram a decisão à revelia. Quando tive informação sobre o ocorrido, pedi que a direção do Zoológico me apresentasse um esclarecimento e até agora não fui convencido. Também não entendo porque se priorizou o transporte para o hotel fazenda em Santa Catarina;, contou. Gamme afirma que a orientação era que a elefanta Madras fosse a primeira a ser removida. ;Era para ela o pedido de urgência de remoção;, reforça. Isso porque, das quatro elefantas do Le Cirque abrigadas no Zôo de Brasília, Madras era agredida pelas outras e teve de ser separada por uma cerca elétrica. O comportamento muito agressivo delas justificou o pedido judicial para a transferência. Madras era a que ficava em pior situação, em menor espaço e continua assim. A polêmica em torno dos animais do Le Cirque voltou com a informação de que alguns dos 24 animais apreendidos estão sendo redistribuídos a outros viveiros. E todos particulares, o que provocou denúncia de direcionamento irregular dos animais, como divulgou matéria do Correio ontem. Em documento enviado ao Ibama, o Zoológico de Goiânia, que é público, se mostrou interessado em receber os animais e afirma ter recintos apropriados. O diretor do Zôo goiano, Raphael Cupertino, disse que estava preparando recintos para elefantes. ;Para receber as girafas, já temos condições de espaço;, confirmou. Gamme informou que o Ibama pretende enviar as girafas do Le Cirque para o estado vizinho. ;Mas ainda é preciso realmente confirmar se o recinto está pronto.; Sobre o espaço dos elefantes, afirma que o Zoológico de Goiânia não tem condições técnicas para receber os animais. ;O Ibama não está dando animal, distribuindo bicho. Estamos apenas realocando as espécies para onde estejam em melhores condições. Estamos apenas concedendo uma custódia temporária;, explicou Gamme. O diretor do Zoológico de Brasília, Raul Gonzales, afirma que não houve irregularidade alguma no embarque dos elefantes para o hotel fazenda em Santa Catarina. ;Cumprimos uma decisão judicial. A autorização do juiz existe, e nela não diz que elefanta deveria ir primeiro. Foi a carreta do hotel fazenda que chegou aqui para buscar os elefantes. O transporte era deles. Ninguém veio pegar Madras;. Gonzales diz que é parceiro do Ibama. ;Recebemos os animais do Le Cirque por amor aos bichos e para atender ao Ibama. Nosso objetivo é apenas colaborar;, destaca. A disputa pelos animais com o Le Cirque, que é acusado de maus-tratos, continua. Eles correspondem a um patrimônio de R$ 6 milhões. Entre os apreendidos, estão espécies que correm risco de extinção, como o rinoceronte-branco, que vale pelo menos U$ 350 mil.

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