Cidades

Das 2,5 mil paradas de ônibus do DF, 20% não têm condições de uso

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postado em 25/11/2008 07:58
A condição precária de parte das paradas de ônibus do Distrito Federal deixa os usuários do transporte público à mercê do tempo. Em algumas cidades, encontrar estruturas com cobertura é luxo. Tetos quebrados, vigas de ferro enferrujadas à mostra ou a ausência de um ponto de ônibus são situações que marcam o cotidiano de milhares de passageiros da capital. Se em tempos de seca não há abrigo para se esconder do sol, na temporada de chuvas, o problema se agrava. Segundo levantamento da Secretaria de Transportes, dos 2,5 mil pontos espalhados pelo DF, 20% não têm condições de uso. Sem contrato para a manutenção há três anos, o governo prepara um plano de revitalização dos abrigos para 2009. Na via que corta as QNLs de Taguatinga, o retrato do caos. Quase todas as paradas na região estão em péssimas condições. Os estudantes Romana Aguiar, 19 anos, e Tiago de Oliveira, 18, tentam se abrigar sob um pedaço de telha quebrada. ;Já cansei de chegar na aula molhada. Se chover, ou a gente corre para o comércio ; a 200m ; ou fica na chuva para chegar no colégio;, contou Romana. A pouco metros dali, a manta de nuvens negras que tem coberto o céu de Brasília representa uma ameaça para a contabilista Aparecida Dias, 48. Ela deixa o filho de 13 anos no ponto todos os dias. Além de não ter bancos ou cobertura, parafusos soltos são um risco constante. ;A gente paga os impostos para ficar desse jeito?;, questionou. No cruzamento entre Taguatinga e Samambaia, a situação é ainda pior. Lá, onde centenas de pessoas aguardam o transporte diariamente, não existe uma parada de ônibus. O local é um dos mil pontos mapeados pela Secretaria de Transportes que deveriam ter estrutura para passageiros, mas não têm. Nem os rodoviários escapam das conseqüências do descaso. ;A gente chega aqui às 6h ou às 7h e fica sob sol e chuva. Já reclamamos para o sindicato, mas nada fizeram;, disse a cobradora Raimunda Furtado, 40 anos, que sempre anda com um guarda-chuva a tiracolo. No Trecho 3 do Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), a lateral de uma loja de construção virou parada improvisada. ;É um perigo. Os ônibus param no meio da rua e os carros quase nos atropelam;, observou o comerciante Wilton Farias, 32. Dados do DFTrans, órgão vinculado à Secretaria de Transportes e responsável pela construção e manutenção das paradas no DF, revelam que há cerca de 500 pontos sem condições de uso. Algumas estruturas espalhadas por cidades mais antigas, como Samambaia, Ceilândia e Taguatinga, foram erguidas na década de 1980, mas nunca passaram por reforma. Há pelo menos três anos, o governo não conta com uma empresa para a manutenção dos pontos de ônibus, cuidados pelo Serviço de Limpeza Urbana (SLU). O diretor-técnico do DFTrans, Cristiano Tavares, diz que há uma discussão para decidir se a responsabilidade sobre as paradas ficará com a Secretaria de Transportes ou com as administrações regionais. ;Estudamos qual a melhor forma;, ressaltou. Prioridades As áreas habitacionais mais recentes do DF, como Itapoã, Estrutural e Arapoanga, concentram a maior carência de pontos de ônibus. É o que mostra levantamento do DFTrans, realizado nos últimos meses, para apontar as prioridades de investimento. ;Este ano, licitamos 300 paradas e tivemos autorização para instalação de mais 450 no ano que vem. Também vamos licitar uma empresa para manutenção;, garantiu Tavares, acrescentando que a ação do tempo e o vandalismo são as principais causas da depredação. De acordo com o diretor, todos os pontos sem condições de uso também serão substituídos até o final de 2009. A padronização ocorrerá com paradas feitas de concreto, pintadas de cinza e verde, com custo de R$ 6 mil cada. ONDE RECLAMAR Queixas sobre paradas abandonadas podem ser feitas pelo telefone 156, na Ouvidoria do DFTrans. O número No DF Segundo o governo, 2,5 mil pontos servem de referência para usuários do sistema de transporte coletivo

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