Cidades

Pesquisadora da UnB testa novo tratamento contra a obesidade

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postado em 01/12/2008 10:26
Um dispositivo de látex, que controla a quantidade de alimento que passa pelo esôfago, pode ser a nova alternativa no combate a obesidade. O Controlador de Fluxo Esofagiano (CFE), desenvolvido pela doutora em Engenharia Eletrônica da Universidade de Brasília, Suélia de Siqueira Rodrigues, foi testado em cachorros e obteve resultados satisfatórios. O próximo passo agora são os testes em humanos. O CFE é fruto de pesquisa para sua tese ;Desenvolvimento de um sistema de controle de fluxo esofagiano para o tratamento da obesidade;, que venceu o Prêmio Santander de Empreendedorismo, Ciência e Inovação 2008, uma disputa nacional que recebeu 1.912 inscrições de 244 universidades de todo o país. O protótipo é colocado no esôfago do paciente, funcionando como um funil para a passagem de alimentos. A invenção de Suélia foi testada em 16 cachorros e teve resultados satisfatórios: em sete dias, os cães perderam, em média, 8% da massa corporal. Proporcionalmente, equivale a uma pessoa de 80 kg perder 6,4 kg em uma semana. Origem A idéia de criar o protótipo partiu do cirurgião José da Conceição Carvalho, de Goiânia, que foi o orientador de Suélia. Com mais de 30 anos de experiência em doenças da região do esôfago, o médico percebeu que todas as patologias vinham acompanhadas da perda de peso. ;Quando o paciente usa uma sonda ligada ao estômago, consegue se nutrir, mas não engorda. Por isso, pensei em criar um obstáculo mecânico dentro do esôfago para controlar a passagem dos alimentos;, explica. O esôfago compõe a parte cefálica da digestão. Tudo que acontece desde a mastigação até a chegada do bolo alimentar ao estômago serve para avisar ao cérebro que a pessoa está comendo. Assim, controlando a quantidade de comida ingerida nessa fase, é possível provocar sensação de saciedade. Obesidade Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), a obesidade é um dos maiores problemas de saúde pública no mundo. São cerca de 300 milhões de pessoas obesas. Cerca de um bilhão de pessoas estão acima do peso no mundo inteiro. No final de 2004 o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou uma pesquisa, realizada em parceria com o Ministério da Saúde, que mostrou que 40,6% da população brasileira com mais de 20 anos estava com excesso de peso. Atualmente, os tratamentos existentes incluem a reeducação alimentar, o aumento da atividade física e o uso de algumas medicações auxiliares, além das cirurgias. Em todos esses métodos o que se procura é diminuição da ingestão de alimentos, de forma que haja perda de peso. O excesso de peso do corpo gera uma série de problemas de saúde, como diabetes, doenças cardíacas, câncer, problemas circulatórios, hipertensão arterial, aumento do colesterol, problemas estruturais na coluna e articulações. E ainda reduz a atividade motora, provoca sensação de cansaço e problemas psicológicos como a depressão, além de reduzir a expectativa de vida. ;A obesidade necessita de formas de tratamento que possam se somar e trazer para esses indivíduos a alto-estima e prazer de viver, além, é claro, de proporcionar a eles a saúde. A meta é proporcionar aos médicos mais possibilidade de tratamento para tal doença; comentou Suélia. O projeto foi submetido ao Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) no final de outubro. O prazo para um parecer é de 30 a 60 dias. Os voluntários para a pesquisa serão encaminhados pelo Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás. ;Aguardo autorização do Conep para realizar o teste em uma pessoa, e posteriormente em mais sete;, disse Suélia. A pesquisadora acredita nas chances do CFE ser, de fato, mais uma ferramenta para tratamento da obesidade. A previsão de Suélia é que dentro de dois a três anos esse dispositivo esteja disponível para quem sofre com o problema.

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