Cidades

Clientes que compraram passagens aéreas vão prestar depoimento

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postado em 02/12/2008 08:35
As pessoas que se beneficiaram com a quadrilha que clonava cartões de crédito para adquirir e revender passagens aéreas com ;desconto; devem começar a ser convocadas para depor a partir de amanhã. A polícia estima que, pelo menos, 200 pessoas se beneficiaram do golpe. Elas vão responder por receptação de bem roubado. Quem sabia que o bilhete era produto de crime pode ser preso. A delegada responsável pelo caso afirma ter como provar o tipo de envolvimento de cada um, mas se preocupa agora em tentar a renovação da prisão temporária dos acusados, que acaba na meia noite de hoje. Um dos integrantes da quadrilha está foragido. Diferentemente do que foi divulgado no último sábado, Higor Santos, 18 anos, um dos responsáveis pela venda das passagens roubadas, ainda não foi preso. Caso isso ocorra, ele se juntará aos outros oito comparsas detidos na carceragem do Departamento de Polícia Especializada (DPE). Isso se a prisão deles for renovada. ;Acreditamos que vamos conseguir porque os suspeitos, que não têm emprego fixo, podem atrapalhar as investigações ou mesmo fugir da cidade;, avalia Martha Vargas, delegada-chefe da 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul). Os criminosos copiavam o número e o código de segurança dos cartões de crédito de clientes de um posto Texaco do Setor de Postos e Motéis, em frente à Candangolândia, e da boutique VIPs, do Sobradinho Shopping. Esse serviço era feito pelo frentista Francisco Feitosa, 31, e pela empresária Juliana Machado, 25. Os dados eram repassados aos líderes do bando, Wellington Capistrano Júnior, 27, e Sidney Neves, 38, que também foi autuado por falsidade ideológica, já que usava o nome falso de Marcos Paulo para alugar um apartamento em Águas Claras. Os dois criminosos compravam as passagens a partir de encomendas feitas pelos clientes aos outros cinco integrantes da quadrilha. Para comprar as passagens via internet ou telefone, os estelionatários precisavam de outros dados além dos que vêm gravados no cartão de crédito das vítimas, como o CPF. Para a quadrilha, segundo a delegada, isso não era problema. ;Eles usavam de má-fé para obter algumas facilidades disponíveis a pessoas jurídicas;, explica Martha Vargas, enquanto mostra várias folhas impressas com nomes de pessoas e seus CPFs. Tudo adquirido no setor protegido do site da empresa Serasa, utilizado pelo setor do comércio para identificar inadimplentes buscando crédito. Serasa Os bandidos usavam senhas de empresas cadastradas na Serasa para pesquisar esses dados e aplicar o golpe em cidadãos que, muitas vezes, nem desconfiavam, já que todas as compras eram feitas parceladas, apostando que a vítima não percebesse o desfalque mensal na fatura. A polícia ainda não sabe se os responsáveis pelas empresas são cúmplices ou vítimas dos criminosos. A Serasa foi procurada pelo Correio, mas não retornou as ligações para falar sobre a segurança dos bancos de dados. A investigação que levou ao desmantelamento do grupo durou quatro meses. Nesse tempo, a polícia acredita que até 200 passagens tenham sido emitidas pelos golpistas, que serão enquadrados nos crimes de estelionato e formação de quadrilha. O número de clientes pode ser maior. O levantamento exato será feito com o auxílio das empresas aéreas TAM e Ocean Air, de quem eram comprados os bilhetes. Quem viajou com a ajuda do crime poderá pegar até quatro anos de prisão. Essa é a pena máxima prevista para o crime de receptação dolosa, isto é, quando o comprador sabe que o bem não tem procedência lícita. Quem comprou sem saber não escapa de ter um registro na ficha policial. A pena, no entanto, é de um mês a um ano de detenção, normalmente substituída por multa ou prestação de serviços comunitários em caso de condenação. Martha Vargas garante que tem meios para diferenciar os casos. ;Iremos provar, mas não posso adiantar como, sob pena de prejuízos para a investigação.;

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