Cidades

CEB quer aplicar R$ 500 milhões na recuperação de linhas de transmissão

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postado em 03/12/2008 08:10
A queda de um raio deixou às escuras quatro regiões do Distrito Federal na tarde de ontem. A descarga elétrica causou um curto-circuito na Subestação Brasília Norte, próximo ao Parque da Água Mineral. Moradores e comerciantes do Sudoeste, Setor Militar Urbano, Setor de Indústrias Gráficas (SIG) e Cruzeiro ficaram sem luz por duas horas. Já os de Sobradinho, Lago Norte e Asa Norte ficaram menos tempo no escuro: aproximadamente 20 minutos. Os apagões viraram um motivo de reclamação constante para os brasilienses. A situação se agrava em dias de chuva, mas é recorrente em qualquer época do ano. O governo reconhece o problema e promete sanar as falhas nos próximos anos. Para combater as quedas de energia freqüentes no DF ; que prejudicam donos de lojas, de indústrias e moradores de todas as regiões ; o GDF vai investir R$ 500 milhões até 2010. Os recursos serão destinados à recuperação das linhas e redes de distribuição e à construção de subestações. Melhorar o sistema elétrico foi a saída encontrada pelo GDF para evitar um apagão generalizado na capital federal. A Companhia Energética de Brasília (CEB) atribui os cortes recorrentes no abastecimento à falta de investimentos em distribuição nas gestões anteriores. O descumprimento de metas fixadas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) é uma das comprovações da gravidade do problema. Desde 1999, o órgão já emitiu 13 autos de infração contra a CEB, que implicaram em multas que soma R$ 16 milhões. A estatal foi multada por não investir em melhorias na rede, por não combater o desperdício e descumprir os indicadores da Aneel. O diretor da CEB Haroaldo Brasil de Carvalho diz que, até 2007, os investimentos da empresa foram destinados à geração de energia, em vez de privilegiar a melhoria da distribuição aos consumidores. ;Foi uma política equivocada, que demonstra um desapreço pela população de Brasília. As gestões passadas privilegiaram a geração em vez de garantir a confiabilidade do sistema e o conforto dos usuários;, diz Haroaldo. ;Houve uma degradação das redes de distribuição, com investimentos irrisórios. Ficamos com os circuitos sobrecarregados, o que gera apagões e oscilações;, acrescenta. Sem investimentos em modernização, algumas subestações que distribuem energia às residências, comércios e indústrias são as mesmas da época da inauguração de Brasília. Aparelhos transformadores e cabos subterrâneos ficaram tão obsoletos que podem sofrer uma pane a qualquer momento. Os investimentos em geração foram desproporcionais em comparação com os gastos feitos para melhorar a distribuição da energia. Só a construção da usina de Corumbá IV, em Luziânia (GO), custou R$ 600 milhões aos cofres públicos. Mas, em 2006, o governo gastou apenas R$ 17 milhões para garantir um abastecimento regular e de qualidade aos consumidores brasilienses. A professora Neusa Santos, 65 anos, sofre com os problemas constantes na rede elétrica. Moradora da QRSW 7 do Setor Sudoeste, ela reclama dos apagões freqüentes no bairro. ;Moro no Sudoeste há 13 anos e, infelizmente, a luz acaba sempre aqui. Às vezes, a energia é cortada à noite e só volta no dia seguinte;, reclama a professora, que ontem à tarde passou duas horas com o apartamento às escuras. Prioridade Por conta das reclamações dos usuários, o Setor Sudoeste teve prioridade nos investimentos do GDF. Logo que assumiu o Executivo, o governador José Roberto Arruda determinou a construção de uma subestação no setor. Hoje, a energia do Sudoeste vem de regiões como o SIA e a área central. Mas, na próxima quarta-feira, será inaugurada a obra que custou R$ 40 milhões e vai melhorar a situação dos moradores do bairro. Com uma subestação própria, a distribuição será mais eficaz. Os testes para o funcionamento ocorrerão neste sábado. Outro problema que a CEB enfrenta é a proibição de reajustar as tarifas de energia elétrica. Este ano, a empresa solicitou à Aneel um aumento de 2,78%, mas a agência aprovou um queda no valor da tarifa, de 3,22%. ;A Aneel só autoriza reajustes quando a distribuidora faz investimentos. Como até 2007 os gastos em melhorias no sistema foram irrisórios, a agência não autorizou o aumento da tarifa;, explica o Haroaldo Brasil. Para tentar minimizar os problemas dos consumidores, o governo gastou R$ 80 milhões em 2007 e R$ 200 milhões somente este ano (mesmo valor previsto para o ano que vem). Além da Subestação do Sudoeste, foram ampliadas as centrais de Águas Claras, do Núcleo Rural Monjolo, construídas as linhas de distribuição entre Samambaia e a Subestação Brasília Norte e o cabo que atravessa o Lago Paranoá foi substituído. Para o ano que vem, estão previstos R$ 18 milhões para a construção da Subestação do Mangueiral, que vai abastecer os condomínios do Jardim Botânico, São Bartolomeu, além de parte de São Sebastião e do futuro Setor Mangueiral. A previsão é de inauguração em junho do ano que vem. Colaborou Ary Filgueira

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