Cidades

Laudo da Polícia Civil aponta que bombeiro morreu por afogamento

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postado em 05/12/2008 08:27
Está mais próxima a explicação da morte de um bombeiro durante um treinamento no Lago Paranoá, na tarde de 23 de setembro deste ano. Um laudo do Instituto de Criminalística da Polícia Civil, concluído esta semana, confirma que o sargento Washington Nunes, 34 anos, morreu por afogamento enquanto participava do curso de formação de mergulhadores do Batalhão de Busca e Salvamento do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal. Uma rotina que não perde nada para cenas mostradas no filme Tropa de Elite (veja memória). O documento é o que faltava para a conclusão do inquérito militar que deve indicar a causa e a responsabilidade pela morte. O depoimento de outros bombeiros que participavam do curso é, segundo especialistas, a chave para solucionar o caso. O laudo não deixa dúvidas quanto à causa da morte: asfixia em meio líquido, ou seja, afogamento. Pelo menos segundo o médico Erasmo Tokarsky, que foi perito policial durante 20 anos. ;O laudo explica que a vítima aspirou o líquido, no caso água, e que isso lhe causou o óbito. Nesses casos, o líquido entra nos alvéolos do pulmão e impede a pessoa de respirar;, avalia ele, que teve acesso ao documento. ;A presença de algas e outros organismos nos pulmões, citada no laudo, corrobora a conclusão. E ele não ingeriu essa água toda de uma vez;, completa Tokarsky. Washington também tinha manchas avermelhadas nos pulmões e no coração, sangue na traquéia e manchas roxas no ombro e nos testículos. A descoberta da causa da morte é importante para a conclusão do inquérito, mas não prova que houve abuso por parte dos monitores do curso, segundo o promotor de Justiça Militar do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), Mauro Faria. ;O laudo por si só não fala nada. Ele se afogou, mas é preciso saber o que causou o fato, se foi excesso no treinamento ou outra coisa;, explica. ;E isso só será elucidado com a análise do depoimento de quem esteve lá, viu e sentiu o que aconteceu no dia;, completa. Ele espera que o Inquérito Policial Militar (IMP) conduzido pelo Corpo de Bombeiros fique pronto e seja enviado para a promotoria. ;Só assim poderemos nos posicionar;, conclui. O IMP, segundo a assessoria de comunicação dos bombeiros, está fechado esperando pelo laudo. ;Quando recebermos o documento, o que ainda não ocorreu, ele será reaberto e, em breve, concluído;, afirma o tenente-coronel Luiz Blumm. ;Ainda não conhecemos o teor desse laudo, por isso não podemos nos pronunciar;, informa. A Associação dos Policiais e Bombeiros Militares manifestou preocupação com o resultado do laudo. Para a entidade, a conclusão do inquérito será fundamental para definir o futuro dos treinamentos da corporação. Memória Em 18 de outubro deste ano, o Correio publicou uma reportagem que mostrava o quanto é puxado e exaustivo o curso de formação de mergulhadores do Corpo de Bombeiros. As imagens do treinamento, realizadas por um militar entre janeiro de 2005 e dezembro de 2006, são fortes e exibem aspirantes sendo retirados desmaiados de gaiolas submersas em piscina. Outros bebem água do lago e comem vísceras de peixe cru. Entre uma e outra imagem de afogamento forçado, um instrutor descreve para a câmera como o aluno deve proceder em caso de desistência. ;Por se tratar de um curso de voluntários, a opção que resta quando ele não se adapta é o desligamento. Isto é feito por meio de um sino;, ressalta o professor no DVD, ao qual o Correio teve acesso. Uma peculiaridade explorada no curso é a ;canga;, uma corda pesada e grossa. Os candidatos a mergulhador a carregam em volta do pescoço. ;A canga enfatiza a união entre dois mergulhadores, pois nadamos em dupla;, explica o mesmo professor do vídeo. Na época, o tenente-coronel Maciel Nogueira, chefe da Comunicação Social da corporação, disse desconhecer o conteúdo das imagens obtidas pelo Correio. ;Não temos material oficial sobre o treinamento para mergulhadores. Portanto, esse vídeo não tem vínculo com o curso;, ressaltou.

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