postado em 09/12/2008 12:20
A família do torcedor são-paulino Nilton César de Jesus, 26 anos, resolveu romper o silêncio na manhã desta terça-feira (09/12). Em nota divulgada à imprensa, os familiares consideraram a ação do policial militar que resultou em um tiro na nuca do jovem como brutal e irresponsável. O comunicado é assinado pela mãe do torcedor, Agnaldina Rosa de Jesus, e o irmão Paulo Arthur Haller. Eles permanecem no Hospital de Base de Brasília (HBB) desde a tarde de ontem. O próximo boletim médico sobre o quadro de Nilton César deverá ser divulgado pelos médicos às 17h.
A nota divulgada também faz menção à liberdade provisória concedida pela Justiça ao policial militar. Conforme o texto, os familiares acatam e respeitam a decisão anunciada na tarde desta segunda-feira (8/12). Entretanto, não poupam palavras para desqualificar a ação da polícia. ;Os policiais deveriam estar no Estádio para proteger os cidadão que aguardavam o jogo ao invés de oferecer risco;, comenta a nota.
O comunicado foi entregue pelo irmão do torcedor são-paulino. Questionado se a família pretende mover alguma ação contra o Estado, o familiar foi breve na resposta. ;Não temos cabeça para pensar nisso agora. Queremos acompanhar a recuperação dele;, disse. Os familiares também adiantaram que deverão evitar fazer novos pronunciamentos. ;Os detalhes sobre a investigação serão acompanhados pelos advogados. Iremos manter o silêncio nesse momento de dor;, completou o irmão.
Defesa
A Polícia Militar confirmou, em nota oficial, que o tiro que atingiu o torcedor foi mesmo disparado por um policial. O autor do disparo, segundo a nota, é o sargento José Luiz Carvalho Barreto, do 9º Batalhão da Polícia Militar do Gama. Ele foi autuado em flagrante por lesão corporal grave e levado para o presídio militar. O sargento, no entanto, conseguiu liberdade provisória no início da noite desta segunda-feira (09/12). O benefício foi concedido pela juíza de plantão Gilza Fátima Cavalcante Diniz.
O policial responderá a dois inquéritos. Um seguirá na PMDF. O outro, na 14ª DP (Gama), apesar de o acusado ser militar. A PM deve realizar uma sindicância interna sobre o ocorrido. A Polícia Civil, por meio da 14ª Delegacia de Polícia (Gama), é quem vai conduzir as investigações.
A Ordem dos Advogados de Brasília (OAB-DF) questionou a decisão de autuar o policial militar por lesão corporal grave. No entendimento da entidade, o acusado deverá responder por tentativa de homicídio. O argumento foi defendido pelo vice-presidente da seccional em Brasília. ;O policial deve responder por tentativa de homicídio. A interpretação apresentada não é a mais adequada;, argumenta Ibanez Rocha Barros.