postado em 10/12/2008 08:10
O acesso ao subsolo da Quadra 5 do Setor Comercial Sul (SCS) será controlado. A área também ganhará reforço no policiamento e na iluminação pública. O mesmo ocorrerá no Setor de Diversões Sul e nos estacionamentos da plataforma superior da Rodoviária do Plano Piloto. Essas são algumas das ações anunciadas pelo governo para tentar frear o tráfico e o consumo de crack na região central de Brasília. Uma resposta ao cenário devastador causado pela droga que mais cresce na capital da República e que vem sendo mostrado pela série de reportagens publicada pelo Correio desde o último domingo.
O combate ao tráfico de crack virou prioridade na Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal. ;É um tema que traz preocupação a todos nós;, ressaltou o secretário Valmir Lemos. Ele e integrantes da cúpula das polícias Civil e Militar traçaram uma série de medidas contra a droga, em reuniões ontem e na segunda-feira. A atitude foi tomada após o governador José Roberto Arruda cobrar providências em relação às cenas e dramas retratados pelo jornal. As estratégias também envolvem as secretarias de Ação Social e Justiça, além da Administração Regional de Brasília.
Conforme revelado na reportagem de segunda-feira, o tráfico e o uso de crack se concentram em oito pontos do DF. Quatro deles ficam no Plano Piloto: Conic (Setor de Diversões Sul), Quadra 5 do SCS, 912 Norte (Parque Burle Marx) e 116 Norte. As outras cracolândias estão em Ceilândia, Taguatinga e Vila Planalto. Todas receberão iluminação especial da Companhia Energética de Brasília, além de rondas policiais permanentes, segundo a assessoria do GDF. O subsolo da Quadra 5 do SCS terá o acesso restringido para deixar de fazer jus ao apelido de Buraco do Rato que ganhou devido ao vaivém de usuários atrás de traficantes e das pedras de crack.
Esconderijos fechados
O governo fechará com concreto os buracos sob os viadutos de acesso ao Conic, Setor Bancário Sul e Setor Comercial Sul. Pessoas de todas as idades e classes sociais usam esses pontos para se esconder da polícia e fumar crack. Bandidos também escondem a droga nos buracos. ;Essas são algumas das intervenções que faremos na área central. Também queremos o envolvimentos dos comerciantes do Conic para acabar com o tráfico nos corredores do centro comercial;, contou a administradora de Brasília, Ivelise Longhi.
No caso do Conic, onde os traficantes e usuários de crack tomaram conta da praça central e do posto desativado da Polícia Militar, a Administração de Brasília vai estipular um horário de funcionamento dos bares. A intenção é fechar os estabelecimentos comerciais cedo e espantar os criminosos e dependentes de drogas. ;Mas vale lembrar que o problema das drogas não se resolve apenas com repressão, porque, do contrário, vamos apenas transferi-lo de lugar;, observou Ivelise Longhi.
O crack responde hoje por cerca de 20% do total de atendimentos aos dependentes químicos encaminhados aos Centros de Assistência Psicossocial para Usuários de Álcool e Outras Drogas do DF ; o número era quase zero até o início do primeiro semestre. Nas estatísticas oficiais, enquanto as apreensões de merla e cocaína diminuem a cada ano no DF, as de crack aumentam de forma assustadora. Em 2006, a Polícia Civil registrou a primeira apreensão da droga (sem prisão), uma pequena porção de 2,85g. No ano seguinte, foram 562g. Já nos nove primeiros meses de 2008, os agentes flagraram 3,122 kg. Um crescimento de 455% em relação a 2007.
PROVIDÊNCIAS
# Reforço no policiamento na área central do Plano Piloto, onde se concentra o tráfico de crack
# Fechamento do subsolo da Quadra 5 do Setor Comercial Sul, conhecido como Buraco do Rato
# Concretagem de buracos sob os viadutos, onde viciados se escondem para consumir droga
# Iluminação especial nos oito pontos de concentração de tráfico e consumo da droga
# Instalação de câmeras de vigilâncias nesses locais
# Controle do horário de funcionamento dos bares do Conic (Setor de Diversões Sul)