Cidades

No DF, 14 pacientes são infectados por micobactérias

;

postado em 13/12/2008 08:09
As infecções pela Micobacteria massiliense ; presente em cirurgias com vídeo, como laparoscopias e lipoaspirações ; chegaram a 935 em 2007 e se disseminaram por todo o país neste ano. Já se trata de uma epidemia, de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No Distrito Federal, há 14 casos confirmados e cinco em investigação. Esses números, no entanto, podem ser ainda maiores, porque há subnotificação dos estabelecimentos de saúde. Mais grave: a epidemia é causada por instrumentais cirúrgicos que são mal esterilizados após os procedimentos nos pacientes. A Anvisa realizou reunião, nesta semana, na Associação Médica de Brasília, com infectologistas, microbiologistas e especialistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), do Instituto Adolpho Lutz e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). De acordo com o gerente-geral de tecnologia em serviços de saúde da Anvisa, Heder Murari Borba, além da disseminação da micobactéria, que é brasileira, nova e muito resistente à maioria dos antibióticos, a ocorrência do surto comprova a falta de limpeza nos instrumentais utilizados nas cirurgias. Em nota divulgada em agosto, a Agência salientava que a situação de epidemia já era grave e que as infecções por micobactérias (tipo de bactéria facilmente encontrada em ambiente hospitalar), ;na proporção como as alcançadas no Brasil, não têm registro aqui nem em outros países;. Heder Borba salienta que, embora não haja casos de morte pela micobactéria, já foram relatados pacientes que passaram por tratamento com antibióticos de última geração durante dois anos. Os sintomas são vermelhidão local, inchaço, bolhas, nódulos, secreções e dificuldade de cicatrização. ;O resultado pode ficar muito ruim;, alerta o gerente da Anvisa. Como não existe no mercado um medicamento 100% eficaz no combate à cepa brasileira, os laboratórios oficiais estão pesquisando um produto capaz de esterilizar os equipamentos usados nas cirurgias que atravessam a pele, como as endoscópicas ou laparoscópicas. Enquanto esse produto não é apresentado, a Anvisa cobra que as secretarias estaduais de saúde de todo o país fiscalizem a esterilização dos equipamentos. ;Materiais como pinças, cânulas e medidores de mamoplastia não vinham sendo bem lavados. Eles devem ser esterilizados em calor úmido;, afirma Heder Borba. O gerente de serviços da agência alerta: quem não obedecer as regras da Anvisa estará incorrendo em crime sanitário e poderá ter os serviços interditados. A Anvisa está propondo que os hospitais e clínicas que realizaram esse tipo de cirurgia entrem em contato com os pacientes e os monitorem por até três meses para saber se apresentam algum sintoma. Mulheres No DF, a maior parte dos pacientes são mulheres que se submeteram a cirurgias plásticas, como lipoaspirações, ou a intervenções laparoscópicas, de acordo com a subsecretária de Vigilância à Saúde, Disney Antezana. Ela explica que os pacientes que precisarem se submeter a esses tipos de cirurgias devem ter critério na escolha do estabelecimento de saúde. ;Não há, no mundo, instituição de saúde que não tenha infecção hospitalar, mas o paciente tem o direito de saber qual é o sistema de esterilização do material que será usado nele;.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação