Cidades

Número de moradores de rua temporários dobra no período de Natal

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postado em 21/12/2008 09:08
Todo ano, a cena se repete. Basta chegar os meses que antecedem o Natal para famílias de cidades vizinhas ocuparem as ruas da capital na tentativa de ganhar algum dinheiro extra. Elas deixam suas casas e montam barracos de lona nos gramados da cidade. Passam frio, pegam chuva e dormem ao relento na esperança de sensibilizar a população. Contam com gestos de solidariedade dos brasilienses, refletidos em cestas básicas, roupas, brinquedos e até dinheiro. Segundo estimativas do governo, a população de rua de Brasília costuma dobrar nesta época do ano. Os técnicos da Secretaria de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda (Sedest) abordaram 1.199 famílias nas ruas do DF entre janeiro e setembro de 2008. Desde outubro, o número já chega a 536 ; quase a metade do ano inteiro em pouco mais de dois meses. Dessas, 128 foram abordadas antes, ou seja, 408 famílias eram recém-chegadas ao DF. Elas só vão embora depois do Natal e, enquanto estão em Brasília, se acomodam em locais movimentados, normalmente perto de cruzamentos e semáforos, principalmente na área central do Plano Piloto. Homens e mulheres, muitas vezes com bebês de colo, perambulam dia e noite atrás de esmolas. A maior parte das famílias fica em quadras comerciais das asas Sul e Norte e nas proximidades da Rodoviária e dos setores Comercial e Hoteleiro Sul. Mas também é possível encontrar pedintes nos lagos Sul e Norte e Sudoeste. ;Eles se instalam em locais com grande circulação de pessoas de melhor poder aquisitivo e de comerciantes, que costumam ajudar;, explica o gerente de Ações Especiais da Sedest, Evanildo Tales Santos. Uma lona de plástica preta serve de abrigo para Valéria Rodrigues dos Santos, 30 anos, se proteger da chuva que cai em Brasília. A mulher está acampada no gramado em frente a 216 Norte há um mês, com os seis filhos ; o mais novo tem quatro meses. A família mora em Planaltina de Goiás, mas se instalou no local porque espera conseguir dinheiro para pagar o aluguel da casa. ;Não tenho expectativas de ganhar presentes, roupas ou brinquedos. Só queria R$ 200 para garantir alguns meses de aluguel;, conta. Entorno Assim como Valéria, a maioria dos moradores de rua temporários vem de Planaltina de Goiás, Águas Lindas e Formosa. Outros são de cidades como Valparaíso, Cidade Ocidental, Luziânia e Novo Gama. Há também os que saem de municípios mais distantes, como Barreiras (BA), para tentar a sorte na capital federal. São pessoas como Guilhermina Maria da Conceição, 34, e o marido, José Miguel da Silva, 49, que não têm endereço fixo em Brasília. Eles moram em Feira de Santana (BA), mas só pretendem ir embora depois das festas de fim de ano. José chegou à cidade há seis meses para fazer uma cirurgia e morava de favor no Setor P Sul, em Ceilândia. Guilhermina veio no início da última semana e os dois se instalaram no Setor Terminal Norte, no gramado em frente à Embrapa. ;A gente está aqui porque os brasilienses são bons e a gente ganha cestas de Natal;, diz José. A situação de Luzinete Rodrigues dos Santos, 37 anos, é um pouco diferente. Ela está acampada com os dois filhos na Avenida L2 Norte para conseguir doações, mas tem casa em Sobradinho. ;Ano passado, ganhei muitas cestas básicas e roupa. Por isso, resolvi voltar;, conta. QUER AJUDAR? Faça uma doação a uma entidade de assistência social. Ligue no telefone 3342-1407 e saiba quais são as cadastradas pelo governo.

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