postado em 23/12/2008 08:28
Desde outubro, a cidade de Formosa (GO) está mobilizada por uma grande obra. Metade da população de 89 mil habitantes participa da produção da decoração de Natal que já utilizou 150 mil garrafas pet. Espalhadas pelas cinco praças do município e pela avenida principal, as peças ; da casinha do Papai Noel às velas gigantes, às estrelas coloridas e o trenó do velhinho ; estão fazendo por Formosa mais do que decorar. Estão ensinando o valor da união, despertando para a importância do meio-ambiente livre de poluição e oferecendo alternativas de trabalho para quem não tinha perspectivas de futuro.
Tudo começou em agosto, quando o presidente do Rotary Club de Formosa, Marcus Henrique de Assis, esteve na cidade de Santa Fé do Sul, no interior do estado de São Paulo. Ele conheceu o trabalho com as garrafas pet que começava a decorar o pequeno município. Marcus viu ali a possibilidade de levar para Formosa uma proposta inovadora e capaz de proporcionar geração de renda para centenas de pessoas. Aprendeu a utilizar as garrafas para montar as mantas (fundos das garrafas unidos por arame) e criar os mais diversos enfeites.
Na volta, o presidente do Rotary procurou o secretário de administração da prefeitura, Celso Kaihara, e apresentou sua idéia. Aprovada. A parceria estava firmada. A secretaria de Educação ficou encarregada da mobilização na rede municipal de ensino, que conta com 13.500 alunos.
Alegria e cidadania
Participaram cerca de 10 mil crianças conscientizadas da importância de recolher as garrafas plásticas que entopem bueiros e levam 100 anos para se decompor na natureza. Professores e funcionários das escolas também.
A supervisora dos estabelecimentos de saúde da vigilância sanitária, Denise Barbosa Santos, foi o elo entre a Cadeia Pública de Formosa, o barracão onde as peças eram montadas e os pólos (cinco escolas onde o trabalho era finalizado). Denise convenceu 24 presos e 5 detentas a confeccionarem as mantas.
;O trabalho deles foi fundamental para o projeto", conta. Além dos detentos, também trabalharam na montagem soldados do Exército, professores, funcionários públicos e voluntários.
Ivonete Fernandes de Jesus, 25, quando sair da prisão quer usar o que aprendeu para uma nova vida. passava os dias chorando com saudade dos meus filhos, agora tenho o que fazer", diz Ivonete. Entre a arrecadação das garrafas, o corte, a montagem, o acabamento e a colocação nas praças e avenida, 40 mil pessoas se envolveram no projeto.
Samara dos Santos Menezes, 7, e sua mãe Nelvani Santos Tavares, 27, não resistiram e entraram na casa do Papai Noel. A menina adorou: "É muito lindo", exclamou. Nelvani gostou da idéia e disse que já está pensando em criar ;umas coisas; com garrafas que têm guardadas em casa.