Cidades

Sete colegas e uma amizade que dura 30 anos

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postado em 27/12/2008 08:20
Fevereiro de 1978, primeiro dia de aula para 30 meninas na Escola Normal de Brasília. Rose Pacheco e Edna Lima se encontram no corredor do colégio. Estão perdidas e não sabem onde devem assistir à aula. Enquanto procuram a sala certa, começam a conversar e acabam sentando-se lado a lado. Quando o professor passa o primeiro trabalho, as duas colegas formam um grupo com Andrea Gomes, Dicileide Ferreira, Amariles Gonçalves e Emília Soares. A empatia é instantânea. Começava ali uma história de amizade que dura 30 anos. A turma concluiu o curso de magistério em dezembro de 1980. Durante os três anos em que conviveram diariamente, as meninas se tornaram inseparáveis. No dia da formatura, fizeram um juramento: nunca se afastariam umas das outras e, todos os anos, lembrariam dos aniversários das ex-colegas de sala e ligariam para dar os parabéns. Em 1980, Marizete de Oliveira também fazia parte do grupo ; ela chegou à Escola Normal um ano depois das colegas, mas se matriculou na mesma turma delas. As sete meninas assinaram o juramento com outras 14 normalistas. Nem todas conseguiram cumprir a promessa. Rose, Edna, Andrea, Dicileide, Amariles, Emília e Marizete, porém, persistiram e mantêm o vínculo até hoje. ;Passávamos o dia na escola e ficamos muito íntimas. Nos tornamos tão importantes umas para as outras que não conseguimos nos separar;, diz Edna. A pedido do Correio, as sete amigas se encontraram na Escola Normal no início deste mês. Edna e Andrea não entravam no lugar desde a formatura. As amigas levaram fotos antigas, o convite da formatura e o juramento, que se transformou em um papel amarelado, mas continua um documento valioso para elas. Conversaram, riram. Ali, em um piquenique no jardim, reviveram os tempos de adolescente. ;Outro dia, estávamos discutindo o que tinha mudado nesses 30 anos. Chegamos à conclusão de que nada até aparecer a conta do restaurante. Todas nós tivemos que pegar os óculos dentro da bolsa;, diverte-se Rose. Caminhos diferentes Quando começaram a estudar juntas, elas tinham 15, 16, 17 anos. Hoje, são mulheres maduras, de 45, 46 e 47 anos. Casaram-se, divorciaram-se, tiveram filhos. A maioria nem seguiu carreira no magistério ; apenas três são professoras. Assim, os assuntos das conversas mudaram, mas a amizade está intacta. ;Somos todas diferentes, mas sempre nos demos bem;, ensina Andrea. ;A nossa amizade foi construída com muito respeito e confiança;, ressalta Emília. As amigas se encontram, pelo menos, duas vezes por ano. Tentam se reunir para comemorar aniversários e fazem um amigo-oculto anual. Em todas as vezes que se juntam, vivenciam um mundo paralelo. Familiares nunca são convidados para os encontros. ;Uma vez, a festinha foi lá em casa e nós expulsamos meu marido de lá;, conta Marizete. ;É minha única saída com a qual meu namorado não implica;, completa Dicileide. Também pudera. Qualquer pessoa que não tenha compartilhado aqueles anos se sentiria deslocada no meio delas. Elas ficam até as 4h da madrugada embaladas no papo. E os episódios ocorridos na escola são sempre lembrados. Como o dia em que saíram da aula e assistiram a três sessões de cinema seguidas do filme Grease, nos tempos da brilhantina. Ou quando iam se divertir na piscina de ondas. Marizete tem uma lembrança especial, no dia em que sua mãe morreu. ;Todas as amigas chegaram uniformizadas com uma rosa na mão e me deram um abraço. Foi muito emocionante;, conta. Em 2010, completam-se 30 anos que elas se formaram. O objetivo das meninas é reunir toda a turma em um baile para comemorar, mas precisam localizar as outras colegas. Tentativas não faltam. Rose, que sempre esteve à frente dos encontros, tem um perfil criado no site de relacionamentos Orkut e faz parte da comunidade ;ex-alunos da Escola Normal de Brasília;. Já procurou rostos familiares, mas, por enquanto, não teve sucesso.

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