postado em 29/12/2008 13:26
O mato-grossense Sidney Medeiros, 34 anos, já morou na capital federal há uma década e meia e voltou este ano para passar o réveillon com parentes que moram na cidade. Ele continua encantado com o traçado e as formas diferentes. No último sábado, passeou com os filhos pela Esplanada e tirou fotos com o sorriso aberto de satisfação por estar no lugar que define como um exemplo para as outras capitais. ;Brasília surpreende a cada dia;, definiu.
O empresário é um dos mais de 50 mil turistas que o Governo do Distrito Federal (GDF) espera receber neste fim de ano. A estimativa é da Empresa Brasiliense de Turismo (Brasiliatur), que está investindo ; embora ainda não tenha quantificado quanto já gastou nem quanto terá para despender em 2009 ; para que a capital se transforme num destino turístico durante as festas de ano-novo e as férias de janeiro. O diretor da marketing da empresa, Luciano Tourinho, disse que a campanha ;Brasília: muito mais do que você imagina; será lançada em breve. O argumento para atrair visitantes é que a capital federal não é apenas destino para quem tem algum interesse político ou econômico para defender no governo federal.
Segundo Tourinho, a atração por Brasília já é uma tendência entre os turistas brasileiros. ;Nós já detectamos isso em pesquisas. Na véspera de Natal, o próprio Correio (Braziliense) mostrou que muitos brasilienses estão recebendo familiares que moram em outras regiões ao invés de viajar no Natal e no ano-novo;, afirmou. ;Em 2007, o movimento de chegada na rodoferroviária e no aeroporto foi 85% maior do do que em 2006;, contou.
O GDF quer aproveitar a oportunidade e atrair ainda mais turistas. Em outubro, a direção da Brasiliatur, em parceira com o governo de Goiás, reuniu-se com empresas de turismo de São Paulo e Minas Gerais ; os dois estados cujos cidadãos mais visitam Brasília ; para lançar dois pacotes que têm como destinos integrados a capital, Pirenópolis e a Chapada dos Veadeiros.
Atrativos
Os traços da arquitetura ousada de Oscar Neimeyer e do urbanismo revolucionário de Lucio Costa já provam que são atrativos suficientes. Foi o caso da analista de sistemas paulista Eliana Valverde, 42. O marido dela, o advogado Daniel Neaoime, 52, já tinha estado por aqui a trabalho e não pretendia passar pela cidade nestes dias. A sua filha, Marina Valverde, 13, também não imaginava como poderia se divertir na viagem inusitada. A insistência de Eliana deu resultado. Os três estavam muito satisfeitos, mas ela mostrou-se ainda mais admirada. ;Essa arquitetura é muito bonita;, disse, sem deixar de notar que a manutenção dos monumentos deixa a desejar. ;Deve ser difícil cuidar. Quando conserta um lugar já tem que ir para outro. E quando voltam devem ter que arrumar de novo;, reconheceu. A família só deu uma passada rápida por Brasília. Chegou no dia 25 e ontem retornaria para São Paulo.
A chegada dos turistas à Esplanada dos Ministérios é marcada pelo impacto visual que o Museu da República causa nos visitantes. Os amigos Adriana Jesus Silva, 23, e Edivaldo de Jesus, 34, vieram de Pedra Preta, no Mato Grosso, e estão hospedados na casa de amigos no Gama. Os olhos dos dois brilharam ao ver a cúpula gigantesca. Pediram logo para que tirassem uma foto deles com o prédio ao fundo. ;É tudo muito bonito e as pessoas são acolhedoras;, elogiou Adriana, que também gostou de ver o Estádio Bezerrão, no Gama. Encantados com os traços arquitetônicos, os dois não conseguiram eleger um ponto preferido, mas reclamaram das condições de alguns monumentos, muitos deles pichados. ;Estão em todo lugar;, reclamou Edivaldo.
Os aeronautas Thaís Theodoro, 21, Guiomar Freitas, 26, e Jefferson Nunes, 26, já vieram à capital outras vezes, mas só ontem resolveram circular pela cidade. Foram ao Complexo Cultural da República, à Catedral e à Praça dos Três Poderes. Fizeram questão de tirar uma fotografia na rampa do museu, com vista para o Congresso Nacional. ;Quisemos fazer uma visita rápida para não perder a oportunidade;, disse Guiomar.
Palácio do Planalto
Ontem, um dos monumentos mais procurados pelos visitantes ; havia até fila ; era o Palácio do Planalto, que só abre para visitação aos domingos. Patrícia Álvares, que é servidora pública e mora em Brasília desde julho com o marido, aproveitou o dia para levar a enteada, que veio do Rio de Janeiro para passar o Natal por aqui, para conhecer o local de trabalho do presidente da República. ;A gente mora em Brasília há pouco tempo, então para não ficar repetindo os lugares, a gente aproveita as visitas dos familiares e amigos pra vir conhecer também;, contou. O calor de 25 graus não impediu a pensionista Marly Loureiro Dupim, de 74 anos, de conhecer o Palácio do Planalto. ;Nunca tive a oportunidade de ver onde o presidente Lula senta, escreve e despacha;, disse, achando graça.
Assim como as duas, muita gente tirou o dia para fazer o conhecido turismo cívico na capital. Além do Palácio do Planalto, havia grandes filas no Museu e no Congresso Nacional. O movimento na Torre de TV também foi intenso por quase todo o dia.