postado em 30/12/2008 09:30
Terminou na noite de ontem o drama do vigilante Gabriel Ribeiro de Sena Filho, 41 anos, que foi preso há 13 dias por não ter pago pensão alimentícia a um rapaz de 18 anos que não é seu filho. O advogado dele conseguiu, à tarde, na Justiça de Valparaíso (GO), um alvará de soltura e, à noite, o Tribunal de Justiça do DF confirmou a decisão do Judiciário goiano. O vigilante, que mora em Planaltina (GO), saiu por volta das 22h da carceragem do Departamento de Polícia Especializada (DPE), ao lado do Parque da Cidade, e vai passar o ano-novo com a família.
"A primeira coisa que quero fazer agora é abraçar meus filhos. Foi muito triste esta situação. Na noite de Natal, sonhei com meu filho menor, o Bruno, de seis anos", disse. Durante os dias em que ficou preso, Gabriel dividiu a cela com sete detentos na carceragem do DPE.
A história de Gabriel Ribeiro de Sena Filho foi contada pelo Correio no último dia 26. Ele foi preso em 17 último por falta de pagamento de pensão alimentícia ao suposto filho. No entanto, um teste de DNA, feito meses antes da expedição do mandado de prisão pela Justiça de Goiás, comprovou que o vigilante não era o pai biológico do rapaz. Embora seja réu primário e possua endereço fixo, Gabriel não conseguiu a liberdade antes do Natal.
O tormento de Gabriel teve início em março de 2006, quando Marilene Ramos Lopes entrou com uma representação no fórum de Santo Antônio do Descoberto (GO) com o pedido de reconhecimento de paternidade e pagamento de pensão alimentícia de um filho que afirmava ser do vigilante. O mesmo processo tramitava no fórum de Luziânia (GO). Em junho do mesmo ano, um teste de DNA pedido pela Justiça mostrou que o rapaz não é filho de Gabriel.
A angústia de Gabriel poderia ter chegado ao fim com o resultado do exame. No entanto, em 23 de novembro daquele mesmo ano, o fórum de Santo Antônio do Descoberto expediu uma decisão judicial com o pedido de prisão do vigilante por 90 dias. O motivo: o não pagamento da pensão alimentícia. Na decisão, não foi levado em conta o teste de DNA a que o réu se submeteu.
Segundo a esposa do vigilante, a doméstica Marizete Gualberto Ribeiro de Sena, 39 anos, ela e o marido não se mudaram da casa onde moram em Planaltina de Goiás desde a expedição do mandado de prisão. Gabriel também continua no mesmo emprego. Diante disso, ela não compreende como uma decisão de dois anos atrás foi cumprida somente agora. Marizete garante que o marido, com quem vive há 20 anos, nunca teve nenhum tipo de relacionamento com Marilene.
Com a prisão do marido, a doméstica diz ter entrado em depressão. Ela garante que, durante os dias em que ele ficou na carceragem do DPE, não conseguia dormir à noite e nem se alimentar. Ela conta que o caçula (o casal tem três filhos), que é muito apegado ao pai, ficou com febre por conta do drama vivido pelo vigilante.
Desde que Gabriel foi preso, seu advogado entrou com duas petições com pedido de liberdade provisória no fórum de Santo Antônio do Descoberto e de um habeas corpus no Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO). Mas somente ontem, com uma nova tentativa, conseguiu a liberdade do vigilante.