postado em 31/12/2008 20:24
Por questões burocráticas a tradicional festa de passagem de ano da Prainha do Lago Paranoá, em Brasília, ficou sem as estátuas de Orixás que sempre caracaterizaram o local. A avaliação é do babalorixá e diretor de projetos da Federação Brasiliense e Entorno de Umbanda e Candomblé (Febuc), Pai Ribamar.
; É uma sensação de vazio. Em dezesseis anos é a primeira vez que ficamos sem nenhum monumento. Antes mesmo com algumas estátuas estando quebradas ou mal conservadas, estavam nos pedestais. Agora só este imenso vazio, mas é lei e nós temos que acatar. Resta o consolo de que as restaurações já estão prontas; lamentou o babalorixá.
As 16 estátuas que existiam no local representando os orixás - divindades afro-brasilieras - foram retiradas depois de terem sido depredadas durante uma série de incidentes ocorridos entre 2005 e 2006. Os atos de vandalismo foram considerados fruto de preconceito e intolerância religiosa e em julho desse ano o Governo do Distrito Federal, a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República , o Ministério da Cultura e a Febuc anunciaram uma parcerria para recuperar as esculturas.
O artista plástico de Salvador, Tatti Moreno, foi contratado para realizar o trabalho que já está pronto, mas não foi entregue por falta de pagamento que, inicialmente, seria realizado pela Fundação Palmares, e depois pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), vinculados ao Ministério da Cultura.
"O empecilho é jurídico. O pagamento estava em análise pela Fundação Palmares, mas o departamento jurídico analisou e disse que a Fundação não tinha condições de efetuar o pagamento, mandaram então para o Iphan. A verba já está disponível, como disse é só uma quetão burocrática, estamos aguardando que o GDF entre em contato com o Ministério da Cultura para que o GDF possa efetuar o pagamento", argumentou Pai Ribamar.
Segundo a umbandista e dona de casa, Adriana Gomes a ausência dos estátuas vai tirar um pouco do brilho da festa, embora ela não vá deixar de fazer sua oferendas. "Sinto que minha religião ainda sofre muito preconceito. Primeiro a falta de respeito dos vândalos destruindo os monumentos e agora o atraso para entregar os orixás numa data tão importante pra nossa comunidade,; lamentou Adriana.
Segundo o babalorixá cerca de 50 mil pessoas devem participar hoje do réveillon da Prainha. Ele acredita quer as estátuas devam chegar a Brasília em janeiro, quando um novo evento será realizado para recebê-las.