postado em 07/01/2009 08:11
O episódio protagonizado pela Impacto Turismo em Arraial D;Ajuda (BA) deixou os empresários do setor de pousadas em alerta. ;Estou há 12 anos no ramo e nunca vi uma situação dessa. A gente houve história de calote aqui e ali. Mas nunca nessa proporção;, assegurou Michele Azevedo, dona de pousada que diz ter quase R$ 7 mil para receber da agência brasiliense.
O estabelecimento de Michele está entre os que receberam grande número de turistas enviados pela Impacto: 102 no total. A última parcela da reserva, no valor de R$ 18 mil, deveria ter sido quitada em 20 de dezembro. Segundo Michele, quando a excursão chegou, no dia 27, o dinheiro não tinha sido depositado. ;Está no contrato. O cliente só entra depois de tudo pago. Mesmo assim não deixei ninguém na rua;.
Os dias que se seguiram foram de estresse para a dona da pousada e para os hóspedes. ;O Marcos (Marcos Tiago Pereira, 37 anos, um dos sócios da Impacto) prometeu fazer o pagamento numa segunda-feira. Depositou metade. Depois não consegui mais falar com ele;, contou Michele. Diante disso, ela avisou aos hóspedes que precisava receber a diferença para poder prestar o serviço. Com a divisão, cada um teria de pagar R$ 75 a mais. Alguns aceitaram. Outros, não. No fim das contas, 15 pessoas pagaram a taxa extra. ;Ainda não registrei ocorrência. Estou na expectativa de conseguir receber esse dinheiro;, disse.
As amigas Talita Brandão, 21 anos, e Fabiana Terra, 20, chegaram às 2h30 da manhã no local e foram informadas pela dona da pousada de que poderiam ficar três dias. Só que elas haviam pago sete a Impacto. ;Liguei chorando para o meu pai. Ele pediu para eu me acalmar. Quando amanhecesse o dia resolveríamos;, contou Fabiane. As surpresas continuaram. O quarto que era para quatro meninas abrigou oito. ;Ou a gente aceitava ou alguém ia ficar na rua. Criamos um clima de solidariedade. Deixávamos as pessoas que dormiram na varanda dos chalés usar nosso banheiro;, relatou Talita.
Investigação
O caso é investigado pela 3ª DP (Cruzeiro). A polícia continua ouvindo as vítimas e espera concluir o inquérito até o fim deste mês. O Correio tentou ouvir Marcos Tiago durante o dia de ontem, mas o sócio da Impacto não atendeu a nenhum dos três celulares dele. Marcos também não retornou o recado deixado pela reportagem na caixa postal do aparelho.