Cidades

Homem que fugiu após atropelamento se apresenta à polícia

Condutor se apresenta em delegacia e confessa ser o responsável por morte de jovem, em 11 de dezembro

postado em 08/01/2009 08:24
O motorista acusado de atropelar um jovem de 22 anos e sair sem prestar socorro, em dezembro do ano passado, se apresentou à polícia. O técnico em informática Nemésio da Rocha Fonseca Júnior, 46 anos, confessou ter atropelado Paulo Henrique D;Aqui, por volta das 0h de 11 de dezembro, no Park Way. Ele estava sendo procurado desde então e resolveu ir até a 21ª Delegacia de Polícia (Taguatinga) esclarecer o caso. Na noite do acidente, Paulo voltava para casa a pé, depois de descer em uma parada de ônibus próxima, na Estrada Parque Vicente Pires. Ele teria que percorrer pouco mais de um quilômetro até a residência onde morava com a família, na Quadra 5 do Park Way, perto do Areal. De acordo com a delegada-chefe da 21ª DP (Taguatinga Sul), Mônica Loureiro, Nemésio afirmou que estava chovendo forte e a visibilidade era baixa. ;O carro atropelou a vítima por trás. O motorista disse que ficou muito abalado, não teve reação;, explicou a delegada. Nemésio teria seguido para a casa de um parente e tomado um remédio, sem chamar socorro para a vítima. O corpo de Paulo foi encontrado por volta das 4h por um entregador de jornal. Na época, ninguém se apresentou como testemunha. Com a batida, um dos retrovisores do carro caiu e ficou no local. Depois do exame pericial, os policiais constataram que se tratava de um Corsa verde. As buscas se concentraram em proprietários de veículos com o mesmo modelo. Três carros chegaram a passar por perícia, mas nenhum tinha indícios de colisão contra pessoa. Nemésio, que mora na Arniqueiras, foi indiciado por homicídio culposo (sem intenção de matar) e pode pegar entre dois e três anos de detenção. O crime teve o agravante da omissão de socorro, o que pode aumentar a pena em um terço ou metade. Como o condutor se apresentou espontaneamente na delegacia, na terça-feira, colaborou com as investigações e não tem antecedentes criminais, a prisão preventiva não foi pedida. Ele aguardará o julgamento em liberdade. O carro de Nemésio, o Corsa Wind verde (placa CSW 0950-DF), foi apreendido e passará por exame pericial. A família da vítima soube ontem da identificação do condutor do veículo. A mãe de Paulo Henrique, a veterinária Rosane D;Aqui, 53 anos, foi chamada à 21ª DP para receber a notícia e agradeceu as manifestações de solidariedade da população e o trabalho da polícia. ;Minha expectativa é de que isso fosse resolvido logo. A polícia fechou o cerco e a pessoa teve que se manifestar;, comentou. Depois do acidente, a família de Rosane espalhou faixas e distribuiu panfletos no Park Way pedindo pistas do motorista. Durante as três semanas de procura, Rosane recebeu ligações de todo o Distrito Federal. Era gente indicando a localização de carros com a mesma característica do Corsa ou apenas para dar apoio. ;Brasília toda ficou sabendo do acidente. Essa sensibilização foi muito importante para nós;, ressaltou a mãe. Com as informações colhidas por telefone, os policiais conseguiram restringir o campo de procura às áreas próximas ao local do atropelamento, ocorrido em uma rua de acesso à Quadra 5 do Park Way. ;Claro que doeu fazer isso, eu expus minha dor. Mas se a gente conseguir que outras mães não sofram o mesmo que eu, vale a pena.; Sem calçada Paulo Henrique cursava faculdade de administração e trabalhava no período da tarde, até as 20h. Na noite do acidente, ele saiu do serviço e foi até o Guará encontrar alguns amigos. Pouco antes da 0h, ligou para a mãe dizendo que estava chovendo e pedindo uma carona até em casa. Como Rosane estava no Plano Piloto e demoraria muito para chegar no Park Way, Paulo continuou o trajeto caminhando. A rua onde ele foi atingido não tem calçada. Por quase toda a madrugada, Rosane não conseguiu notícias do filho. Ela só foi avisada da morte por volta das 5h. Ela aguarda o julgamento do motorista, ainda sem data definida. ;Não acho que ele deva continuar dirigindo um carro e atropelando pessoas;, afirmou. Rosane não se conforma com o fato de Nemésio ter abandonado a vítima na rua. ;Quando você pensa em atropelamento, pensa em um acidente, algo que você não quer fazer. Mas omissão de socorro é terrível.;

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