Cidades

Morre padre que realizava orações de exorcismo no Lago Sul

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postado em 13/01/2009 10:28
Padre Júlio durante cerimônia na Paróquia Perpétuo Socorro, no Lago SulMorreu na madrugada desta terça-feira (13/1), aos 85 anos, o padre Júlio Negrizzolo. Ele era um dos únicos sacerdotes autorizado pela Arquidiocese de Brasília a fazer orações de exorcismo. Ele faleceu no Hospital Daher, no Lago Sul, por volta das 3h50, vítima de falência múltipla de órgãos. O velório foi aberto à comunidade às 13h de hoje na Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, entre a QL 6 e QL 8 do Lago Sul, onde ele atuava. O enterro será amanhã, às 11h, na mesma paróquia. Padre Júlio nasceu em Serra Azul, no interior de São Paulo, próximo a Ribeirão Preto. Entrou para o seminário aos 15 anos e morava em Brasília desde 1981. Sempre atendeu na Paróquia Perpétuo Socorro. Em 2000, deixou de ser pároco ; o padre responsável pela paróquia ; para virar auxiliar. Celebrou missas e participou das atividades paroquiais até um mês antes de sua morte. Padre Júlio não era de falar muito. Tinha uma vida contemplativa. Gastava horas e horas na pequena capela da paróquia, aos fundos da igreja. É ali onde ainda recebia as pessoas que procuravam oração de exorcismo. Durante as orações, padre Júlio usava água benta e um crucifixo. Preocupado para que nada do que fizesse fosse mal interpretado, padre Júlio ressaltava que é preciso prudência quando se fala em possessões demoníacas. Ele deixava claro que há muito exagero e ignorância a respeito do assunto. "Não se deve fazer estardalhaço em torno disso. É preciso ter a certeza de que a força do mal existe, mas que ela nunca é superior à força do bem", comentou em uma de suas entrevistas. Procurado por dezenas de pessoas que alegavam estar possuídas pelo demônio, padre Júlio destacava que são raros os casos em que de fato há uma influência do mal. Na maioria das vezes, dizia ele, tudo não passa de perturbações mentais ou distúrbios psíquicos. "O demônio é muito ruim, mas não é o culpado de tudo, não", chegava a brincar. Para o padre, o que está retratado em filmes como O Exorcista e O Exorcismo de Emily Rose são coisas reais e passíveis de acontecer. Ele dizia que as pessoas têm pavor desses filmes por conta da forma agressiva que o demônio é representado. "Não é muito diferente na vida real. Mas a reação depende muito da formação de cada um. O tamanho da fé influencia o medo e determina se a pessoa vai encarar a situação como algo normal ou de forma escandalizada", argumentava.

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