Cidades

Na capital, casos da dengue caíram 22% em 2008

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postado em 18/01/2009 08:09
Cada vaso de planta ou canteiro é um foco em potencial do mosquito da dengue. O maior inimigo no combate à doença está dentro das casas e apartamentos do Distrito Federal: a água parada. Diariamente, quase 700 agentes de saúde percorrem a cidade para destruir as larvas do Aedes aegypti e evitar que os brasilienses sejam infectados pelo vírus da dengue. A batalha tem rendido bons resultados. No ano passado, o número de casos caiu 22% em comparação com os dados do ano anterior. Em 2008, 554 pessoas tiveram a doença em Brasília, contra 710 infecções em 2007. Apesar da queda de casos na capital federal, a preocupação das autoridades da saúde é grande por conta de uma ameaça que vem da vizinhança. O número de casos em Goiás triplicou no mesmo período e, no ano passado, 34 pessoas morreram no estado. Dos 554 brasilienses infectados pelo vírus em 2008, 52,3% foram picados fora da cidade. Em 18,1% dos casos, a infecção ocorreu justamente em Goiás. Os outros principais locais onde os candangos pegaram dengue foram Piauí, Tocantins e Rio de Janeiro. Entre os municípios goianos com maior incidência de dengue estão várias cidades do Entorno. Luziânia é um dos locais onde a situação é mais grave. Lá, 567 pessoas foram infectadas no ano passado, número superior a todos os casos registrados no Distrito Federal no mesmo período. A subsecretária de Atenção à Saúde do DF, Disney Antezana, explica que a epidemia de dengue em Goiás representa um risco e uma preocupação para Brasília. ;O fato de termos um aumento grande da transmissão em um estado vizinho exige do Distrito Federal um esforço ainda maior. Isso vem sendo feito a partir de todos os casos suspeitos;, garante Disney. ;Nosso trabalho, aliado a ações complementares de prevenção, permitiu uma redução dos casos no DF no ano passado, em comparação com os dados de 2007;, destaca Disney. Em Goiás, o governo registrou 45,3 mil infecções pelo vírus transmitido pelo Aedes aegypti em 2008, contra 15,6 mil casos no ano anterior. Isso representa um aumento de 189% nesse período. A cidade com maior número de casos foi Goiânia, onde 23.064 pessoas pegaram dengue. Outros municípios muito procurados pelos brasilienses no período de férias também estão no ranking dos locais com maior número de casos. Em Caldas Novas, foram 1.050 registros e em Anápolis, 807. Dos 34 óbitos em decorrência da doença em Goiás, 22 foram por complicações advindas da infecção e 12 por dengue hemorrágica. A gerente de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde de Goiás, Magna Maria de Carvalho, explica o porquê de o Entorno ter entrado no ranking dos municípios com mais casos. ;Quando os agentes de saúde visitam as casas dos municípios próximos ao Distrito Federal encontram muitas portas fechadas. Isso porque a maioria das pessoas trabalha em Brasília e, por isso, as equipes de combate à dengue não conseguem visitar essas residências;, justifica Magna. ;Esse problema vai exigir uma atenção especial dos governos do DF e de Goiás;, afirma a gerente. Magna Maria garante que a Secretaria de Saúde do estado vizinho vem desenvolvendo ações de prevenção nos 246 municípios goianos para tentar vencer a luta contra o mosquito transmissor do vírus da dengue. ;Desde as primeiras semanas de novembro, o número de casos vem caindo em comparação com o mesmo período de 2007. O surto também pode estar relacionado ao fato de 2008 ter sido um ano eleitoral. Isso causa descontinuidade nas ações dos municípios;, finaliza Magna. Uma morte Em Brasília, o governo registrou uma morte por dengue ; um morador de Ceilândia, de 17 anos. A cidade com maior incidência da doença foi Taguatinga, com 56 casos. Desses doentes, 25 foram infectados fora do DF. Planaltina, com 54 registros, Guará, com 46, e São Sebastião, onde 37 pessoas foram infectadas, são os locais que exigem mais atenção da Secretaria de Saúde. As asas Sul e Norte, juntas, tiveram 24 casos. Além do número de doentes, outro dado que preocupa é o índice de infestação pelo Aedes aegypti. Quando os agentes de saúde visitam as casas, fazem uma análise do número de larvas ou mosquitos encontrados. No Guará, São Sebastião, Lago Sul, Asa Sul e Asa Norte, o índice de infestação ficou em torno de 1% ; considerado de médio risco para uma possível epidemia. A subsecretária Disney Antezana explica que há necessidade de intensificar as ações de prevenção nessas áreas e garante que os agentes de saúde já estão nas ruas. ;Estamos fazendo um trabalho em parceria com as administrações regionais e com o Serviço de Limpeza Urbana. Nesta época do ano, é preciso ficar em alerta;, lembra Disney. ;A população precisa se conscientizar sobre a importância de combater os criadouros, como vasos de planta;, acrescenta a subsecretária. Na Asa Sul, a população se mobilizou para vencer a guerra contra o Aedes aegypti. Na última quinta-feira, o Correio acompanhou uma equipe de agentes de saúde no bairro. Durante as visitas, eles não encontraram nenhum vaso ou qualquer outro ponto de água parada. ;Quando há água acumulada em bueiros ou nos comércios locais, os moradores ligam para a prefeitura para denunciar. A maioria das pessoas tem consciência do risco que os vasos de plantas representam;, garante a prefeita comunitária da Asa Sul, Heliete Bastos.

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