postado em 19/01/2009 08:09
Tudo indicava que este seria um vestibular de grande movimentação, por conta das mudanças ocorridas no modelo das provas somadas à nova ortografia. Mas o primeiro exame de 2009 da Universidade de Brasília (UnB) teve imprevisto de outra ordem: um dos candidatos, Pedro Henrique Félix Bernardes, 17 anos, não pode fazer a avaliação de sábado porque foi assaltado perto do local das provas.
O estudante que disputava uma vaga no curso de ciências contábeis caminhava pela 713 Sul para chegar ao local onde faria as provas, no Colégio Sigma, quando foi assaltado. Eram 12h20. Um homem de boa aparência, segundo Pedro, o abordou com um revólver e exigiu celular e dinheiro. Ele entregou tudo ao bandido, que estava com outros dois comparsas, e pediu que os assaltantes devolvessem a carteira de identidade, sem a qual seria impedido de participar do vestibular.
Os ladrões fugiram sem lhe dar ouvidos. Desesperado, Pedro correu até um posto da Polícia Militar próximo ao local e pediu ajuda. Pedro tem duas testemunhas do assalto. O Correio ouviu uma delas, que confirmou a história, mas não quis se identicar com medo dos assaltantes. Pela mesma razão, Pedro não quis ser fotografado.
Os policiais vasculharam a área, mas não encontraram os homens. Para registrar o boletim de ocorrência, que poderia substituir o documento de identidade durante o processo de seleção, o estudante teria de ir até a delegacia. A pé e sem tempo para isso antes do fechamento dos portões do vestibular, ele decidiu ir até o colégio e explicar a situação aos coordenadores do Centro de Seleção e de Promoção de Eventos (Cespe).
Um policial o acompanhou para servir de testemunha. Os dois tentaram convencer o coordenador do local a deixá-lo fazer a prova. O responsável disse que precisava de um documento válido com foto (as possibilidades seriam uma carteira de motorista ou de trabalho, mas que Pedro não possui) ou do boletim. Nenhum dos argumentos usados pelo estudante e pelo policial foi suficiente. ;Pedi para ele que deixasse eu ligar para os meus pais, que aceitasse outro documento até eu poder fazer o boletim. Mas ele não me ouvia. Ele não consultou ninguém, decidiu sozinho o que fazer;, conta Pedro.
Marlene Félix dos Santos, mãe do candidato, que foi aluna da UnB e já trabalhou como fiscal do Cespe, ficou revoltada com o procedimento adotado pelo coordenador. ;Vendo que ele é um menino, menor de idade, acho que ele (o coordenador) deveria ter pedido ao policial para fazer uma declaração atestando o assalto e deixado o Pedro ligar para a gente tentar levar algum outro documento;, revolta-se. ;Eu falei que ele estava estragando a minha vida, mas ele disse que não podia fazer nada;, lamenta Pedro, que decidiu fazr as provas de ontem.
Ao ser informado sobre o caso, o coordenador acadêmico do Cespe, Marcus Vinícius de Araújo Soares, disse que não teve conhecimento oficial do fato, mas que, pelo que soube por intermédio do Correio, o fiscal agiu de acordo com o que determina o edital.
Provas sem susto
O primeiro vestibular de 2009 da UnB trouxe novos conteúdos (artes, filosofia e sociologia), a possibilidade de se cobrar conhecimentos de exatas nas provas de humanas e vice-versa e a mudança na ortografia aumentaram a ansiedade para o primeiro exame deste ano da Universidade de Brasília (UnB), que terminou ontem. Mas, ao fim das provas, o balanço das mudanças, na opinião dos próprios candidatos, foi positivo. Sem grandes sustos.
Para muitos candidatos, a nova ortografia passou desapercebida. ;Até tentei procurar umas palavras, mas não identifiquei nada diferente;, comentou Ticiane Moura, 20. Ela nem tentou escrever seguindo as novas regras, para evitar confusões. Os que temiam o modo como a UnB cobraria as novas disciplinas não tiveram dificuldade em responder aos itens em que elas apareceram. ;A cobrança foi de leve, muito tranquila;, analisa Paulo Ricardo Sousa e Silva, 18.
Segundo Amanda Bertolin Alves, 19, não havia necessidade de saber conhecimentos específicos para responder aos itens. Ela estava preocupada e havia estudado bastante os conteúdos de artes. Depois do primeiro dia, a candidata a uma vaga no curso de direito relaxou. ;Acho que eles pegaram leve porque era o primeiro vestibular desse tipo;, analisa.
A integração dos conteúdos de exatas e humanas não complicou tanto a vida dos estudantes, apesar de alguns alunos terem reclamado da quantidade de leitura exigida para resolver os itens do teste de ontem. ;Antes, a gente precisava fazer mais contas. Agora, tivemos de ler muito. Ficou cansativo do mesmo jeito;, comenta Rariany Gomes, 18. Pedro Henrique Soares, 19, achou a prova difícil. ;Caiu música junto de física, artes cênicas e visuais, filosofia e sociologia. É mais complicado estudar;, avaliou.
Fora da disputa
Mais de 6 mil estudantes deixaram de comparecer ao vestibular. O índice de abstenção chegou a 26,1%. Haviam se inscrito na seleção 23.655 candidatos, que disputavam 1.364 vagas em 73 cursos de graduação. Segundo o coordenador acadêmico do Centro de Seleção e de Promoção de Eventos (Cespe/UnB), Marcus Vinícius de Araújo Soares, a quantidade de ausentes não foge da média geral. No ano passado, esse índice ficou em 25,78%.
Os aprovados serão conhecidos em 16 de fevereiro. A lista será afixada nos murais da UnB e liberada para consulta no site do Cespe. Informações: www.cespe.unb.br/vestibular.
Anote na agenda
# Divulgação do gabarito preliminar oficial
Quarta-feira, a partir das 19h
# Prazo para recursos
Quinta e sexta-feira, somente pelo site www.cespe.unb.br/vestibular
# Resultado em primeira chamada
16 de fevereiro, às 17h
# Registro na UnB
19 e 20 de fevereiro
# Convocação em segunda chamada
2 de março
# Registro
4 de março