postado em 19/01/2009 12:11
Os moradores das 703 e 704 da Asa Sul acordaram, nesta segunda-feira (19/01) com a movimentação da polícia na Praça do Índio, localizada entre as duas quadras. Os agentes estavam no local devido ao assassinato de dois moradores de rua, encontrados por volta das 6h50. O incidente aumentou a sensação de insegurança dos vizinhos da praça, que reclamam do grande número de assaltos, da presença de usuários de drogas e dos constrangimentos causados pela presença dos mendigos.
Desde 2000, a prefeita da 704 Sul, Marlene Pereira Guimarães, pede a instalação de um posto policial no local em todas as reuniões com a Administração Regional de Brasília. O posto é a principal reivindicação dos moradores e trabalhadores, que convivem com assaltos diários. A prefeita da quadra também reclama dos transtornos causados pelos moradores de rua. "Eles brigam entre si com facas e garrafas quebradas, xingam, assaltam pedestres, roubam os carros, ficam nus e até fazem sexo em plena luz do dia", reclama. Segundo ela, o problema se estende às áreas verdes e becos adjacentes.
Alarcom Lopes Barbosa, vice-prefeito da 704 Sul, teve o carro arrombado na porta de sua casa, no Bloco L. Os ladrões levaram o estepe, o que, segundo Alarcom, é a modalidade de roubo que "está na moda" no local. Ele pede policiamento ostensivo na região.
Esse também é o desejo da auxiliar de escritório Sâmya Hélia Lima Coelho, 23 anos. Ela trabalha em uma casa no conjunto O da 703, e disse ter medo de passar pelo local. "Essa praça é muito perigosa. Já vi várias pessoas sendo roubadas aqui. Na hora do almoço, não saio com bolsa", diz.
A rotina de assaltos não é recente. Em julho do ano passado, a banca de revista onde trabalha Wagner Carvalho, 22 anos, foi alvo dos bandidos na Praça do Índio. Ele e a mãe atendiam clientes quando foram supreendidos por um homem armado, que roubou levou todo o dinheiro dos dois.
Revitalização
A triste situação da Praça do Índio poderia ser resolviada, na avaliação da prefeita da 704 Sul, Marlene Pereira Guimarães, com um revitalização. "Esse coreto (onde os dois homens foram encontrados mortos) precisa ser restaurado para ser usado pela população. Degradado como está, não tem como ser utilizado para nada", diz. A prefeita também reclama da falta de iluminação e má conservação do parquinho e da quadra. "Se nós pudéssemos utilizar mais essas opções de lazer, a nossa presença aqui coibiria o uso da área por moradores de rua e usuários de drogas."
Com o nome oficial de Praça do Compromisso, a área pública passou a ser chamada de Praça do Índio após o episódio ocorrido no dia 20 de abril de 2007. Um índio Pataxó, Galdino Jesus dos Santos, 44 anos, dormia no ponto de ônibus quando foi queimado vivo. Cinco jovens de classe média brasiliense, um deles menor de idade, despejaram álcool e atearam fogo em Galdino para "se divertir". O Pataxó não resistiu aos ferimentos e morreu no hospital.
Um chaveiro, anotou o número da chapa do carro dos assassinos e entregou à polícia. Ao serem identificados e presos, os criminosos quiseram se defender com o seguinte argumento: "Não sabíamos que era um índio, pensávamos que era só um mendigo."
Antônio Novely Cardoso de Vilanova, Eron Chaves de Oliveira, Max Rogério Alves e Tomás de Oliveira foram condenados a 14 anos de prisão. No entanto, o menor de idade, irmão de Tomás, foi libertado. Sete anos depois do assassinato, Tomás e Eron conquistam liberdade condicional. Max e Antônio receberam o mesmo benefício e também deixam a prisão.