Cidades

Polícia acredita que mãe que abandonou bebê agiu só

;

postado em 29/01/2009 09:36
A recepcionista Raquel Lopes Cordeiro, 28 anos, teve alta do Hospital Regional da Asa Norte (Hran) e foi direto para a 5ª Delegacia de Polícia (Área Central de Brasília). O depoimento da mulher acusada de abandonar a filha recém-nascida em uma parada de ônibus da Asa Sul durou quase duras horas. Em seguida, ela foi liberada para ir para casa, na Cidade Ocidental (GO). Para o delegado responsável pelo caso, Marco Antônio de Almeida, as declarações dela foram bastante esclarecedoras. Embora não tenha confessado que matou o bebê, Raquel admitiu que temia que sua gravidez fosse descoberta. ;Ficou esclarecido que havia uma angústia grande por parte dela de ter o segredo revelado entre os colegas de trabalho;, afirmou Marco Antônio. Ainda sentindo dores pós-parto, Raquel saiu do Hran às 11h50 no camburão da 5ª DP. O depoimento só começou por volta das 18h, porque ela teve de ser submetida a exames no Instituto Médico Legal (IML), onde permaneceu por três horas. Ela disse na delegacia que não pediu ajuda no momento das contrações porque acreditava que as dores fossem passar, o que não aconteceu ; ela acabou dando à luz dentro do banheiro do Hotel Mercure, no Setor Hoteleiro Norte, no sábado. A recepcionista também não queria que os funcionários e o patrão ; Antônio di Giovani, 41, dono do Bar Bocanegra (403 Sul), onde ela trabalhava nos finais de semana ; soubessem. No depoimento, Raquel contou que o cordão umbilical se rompeu porque ela caiu no banheiro quando sentiu as contrações. ;Todos os indícios apontam a culpa exclusiva dela, pois não há nada que prove que ela tenha contado com a participação de outra pessoa;, antecipou o delegado. Para Marco Antônio, o inquérito caminha para um indiciamento da acusada por infanticídio. A pena é mais branda que homicídio doloso (a outra possibilidade): de dois a seis anos de prisão. ;A literatura jurídica diz que, quando a mãe mata o filho após o parto, ela está sob influência de depressão;, explicou. Mas o delegado admite que ainda espera o resultado da necrópsia no corpo da criança. Ele também vai aguardar o resultado do exame psicológico de Raquel, feito ontem no Instituto Médico Legal (IML). Ainda nesta semana devem ser ouvidos o policial que encontrou o bebê morto, o marido de Raquel, Aclésio Pereira de Souza, e colegas da recepcionista. ;Queremos saber se a gravidez dela era de conhecimento de algum deles e como ela estava se comportando durante a gestação;, disse Marco Antônio. A mãe de Raquel também foi ouvida ontem. Geralda Lopes da Cruz, 48, disse que a filha estava muito feliz com a gravidez. E tinha escolhido até o nome da criança: ;Kelen;. O depoimento de Geralda coincidiu com o da filha quando perguntada sobre o medo de ter a gestação revelada. ;Ela disse para mim que tinha medo e perder o emprego.; Quanto ao pai da criança, Geralda foi incisiva. ;É do patrão dela;, afirmou, referindo-se a Antônio di Gionvani. Ela, no entanto, não conseguiu arrancar da filha o motivo dela não ter procurado um hospital para receber atendimento médico durante o trabalho de parto. ;Se ela matou, não me disse;, confirmou a avó de Kelen. A dúvida também é um ponto relevante à polícia e a ser esclarecido. O delegado Marco Antônio pediu o exame de DNA do suposto pai da criança do marido de Raquel. Alegando fraqueza, Raquel não quis dar entrevista.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação