postado em 04/02/2009 09:27
Nem a proximidade do Posto de Segurança Comunitária da PM impediu que a Drogaria Família, na QI 7 do Guará I, sofresse o nono assalto em três anos. Três homens invadiram o estabelecimento na segunda-feira, por volta das 21h, e fizeram oito reféns durante meia hora. Entre elas, uma policial militar que tinha acabado de sair do serviço e estava desarmada. Nesse intervalo, a polícia chegou e prendeu dois bandidos. Um conseguiu fugir. O Correio teve acesso às imagens do circuito interno da farmácia.
A ação teve início às 20h57. Primeiro, entra um homem de camiseta branca, que mais tarde seria identificado como Francisco Júnior da Silva, 24. Armado, ele vai até os fundos da loja e volta. Em seguida, aparece o comparsa dele ; que até o fechamento desta edição seguia foragido ; vestindo camisa verde. Armados, anunciam o assalto no mesmo momento em que aparece o terceiro integrante do bando. Trata-se de Francisco Alves de Souza, 32. Ele ordena à funcionária do caixa que entregue o dinheiro. Depois volta e pega uma bolsa. Francisco, desarmado, ordena que um balconista abra a vitrine, onde estão os perfumes importados.
Enquanto isso, os outros assaltantes prendem os clientes dentro de uma sala onde se faz aplicação de injeção. Nesse momento, surge a policial militar Eliane das Graças Ferreira Pereira, lotada no Comando-Geral da PM. Sem saber de nada, pergunta à funcionária por que está tão tensa e recebe uma pancada nas costas dada com o cabo do revólver de Francisco Júnior. Com a mão esquerda, ele segura o braço dela. Com a outra, aponta a arma e ordena que a policial caminhe em direção à sala onde estão os demais reféns. Lá, a policial é agredida. ;Ele me colocou de joelhos, chutou minha cabeça e me xingou de tudo quanto é palavrão;, contou ela no depoimento à 4ª Delegacia de Polícia (Guará). O assaltante ainda arrancou o distintivo da policial e sua tarjeta com o nome de guerra.
A sessão de espancamento durou, segundo a policial, que é terceiro sargento, dez minutos. Francisco Júnior só parou de espancá-la ao ouvir um tiro disparado por policiais militares do 4ª Batalhão (Guará). Os oficiais foram avisados por um comerciante da ação criminosa. Desesperado, o assaltante sobe os degraus de acesso à sobreloja da drogaria e tenta tirar o aparelho de ar-condicionado para fugir, mas não consegue. Ele e um dos comparsas acabam se rendendo. A dupla vive em Águas Lindas (GO) e vai responder por roubo com restrição de liberdade. A pena, em caso de condenação, pode chegar a 15 anos de prisão. A dupla tem várias passagens pela polícia, inclusive por homicídio e roubo qualificado.
Há dois meses, quando foi instalado, o posto da PM trouxe esperança de paz para os comerciantes. Hoje, já é motivo de questionamento. ;Eu dispensei o segurança porque estou a 300 metros do posto. Resultado: fui assaltado;, lamenta o dono da Drogaria Família, que não quis se identificar.
A onda de assaltos também aterroriza os moradores do Guará I. Em seis meses, a padaria de Francisco Augusto Guedes de Andrade, 30, foi assaltada oito vezes. A última no mesmo momento do roubo na Drogaria Família. Dois homens armados entraram na panificadora, situada na QE 28, e recolheram R$ 1 mil do caixa. Além disso, levaram 30 cartões telefônicos. Na sexta, o comércio dele também foi roubado. ;Tirei minha mãe daqui porque estava preocupado com ela;, diz Augusto.
Tiros na QE 26
Por volta das 16h30, quatro pessoas, incluindo dois adolescentes, tentaram invadir a casa de um policial civil aposentado na QE 26. Armado, o ex policial reagiu e houve troca de tiros. ;Ninguém saiu ferido;, contou o delegado da 4ª DP, Joás Rosa. Dois jovens tentaram fugir de ônibus, mas, denunciados, foram presos. Com o pé torcido, o policial precisou de atendimento médico. Polícia buscava os dois foragidos até o fechamento desta edição.