Cidades

Praça de Niemeyer pode virar carro alegórico em carnaval de 2010

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postado em 07/02/2009 08:18
Na última terça-feira, Oscar Niemeyer desistiu de construir a Praça da Soberania no canteiro central da Esplanada dos Ministérios. Agora, o polêmico obelisco pode ir parar na Sapucaí, em pleno carnaval carioca. Ao menos essa é a ideia da parceria entre o arquiteto e o carnavalesco Joãosinho Trinta. Ontem, os dois se reuniram no Rio de Janeiro para discutir a criação de um enredo em homenagem aos 50 anos de Brasília, conforme revelou o Correio em outubro do ano passado. Joãosinho negocia com a Beija-Flor para que, no desfile de 2010, o cinquentenário da capital federal seja contado no Sambódromo concebido pelo próprio Niemeyer há exatos 25 anos. A parte carnavalesca ficará por conta, é claro, de Joãosinho Trinta. A Niemeyer caberá desenhar o principal carro alegórico do desfile. E é aí que volta à cena a Praça da Soberania. A ideia é ousada. A dupla pretende convidar todos os presidentes da República empossados em Brasília para que desfilem lado a lado, a começar por Luiz Inácio Lula da Silva ; os que já morreram seriam representados por atores. Todos sairiam em um carro que simbolizaria o polêmico obelisco de 100 metros rabiscado por Niemeyer. ;Nunca fiz um carro alegórico. Mas gosto de ver o Sambódromo, a festa do povo. Foi uma obra formidável;, disse ontem o arquiteto, autor dos traçados dos sambódromos do Rio de Janeiro e de Ceilândia, no DF. ;Ele aceitar é uma coisa formidável. Vai ser a maior apoteose;, animou-se Joãosinho Trinta, que mora há dois anos em Brasília, onde se recupera de dois AVCs. Obelisco No projeto original, revelado por Niemeyer no último dia 9 de janeiro, a praça abrigaria, além do obelisco inclinado, um memorial dos ex-presidentes da República ; daí a ideia do convite aos políticos que já ocuparam a principal sala do Palácio do Planalto. O monumento seria erguido no canteiro central da Esplanada, entre o Teatro Nacional e o Museu da República, a 400 metros da Rodoviária do Plano Piloto, o coração da capital federal. No entanto, a simples divulgação do projeto suscitou enorme polêmica. Vários arquitetos se manifestaram a favor da proposta ; a maioria contra. Entre os moradores de Brasília, a construção da praça sobre o amplo gramado da Esplanada também não agradou. Em enquete realizada pelo Correiobraziliense.com.br, com a participação de 4 mil internautas, mais de 70% dos brasilienses foram contra a construção do obelisco. Pela primeira vez questionado na capital que ajudou a construir, Niemeyer escreveu três artigos defendendo a Praça da Soberania. Chegou a propor a formação de uma comissão de notáveis para avaliar o projeto. Mas na última terça-feira, cansado da polêmica em que se viu envolvido aos 101 anos de idade, o gênio decidiu abrir mão do projeto, que agora pode sair da Esplanada dos Ministérios para desembarcar na Sapucaí.

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