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Caminhoneiro alcolizado bate em Corsa que transportava duas crianças, no Gama

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postado em 10/02/2009 08:09
A aposentada Luiza Santina de Jesus completou 73 anos no último domingo e a família toda compareceu à casa dela, no Gama, para comemorar a data. Ela ficou contente, especialmente pela presença do neto Gilberto Luan Santos de Jesus, 8 anos, que a visitava pela primeira vez. Mas a notícia de um acidente por volta das 19h, na saída do Setor Leste para Avenida Contorno da cidade, tirou o sono de Luiza. Um caminhoneiro que dirigia sob efeito do álcool perdeu o controle do veículo, após frear em frente a um redutor de velocidade, e bateu no Corsa conduzido pelo militar Leonardo Deivid de Melo Porto, 22. No banco de trás do carro, estavam Gilberto e a irmã, Michele Santos de Jesus, 11. O garoto, até o fechamento desta edição, encontrava-se em coma no Hospital de Base e seu estado era considerado gravíssimo. Michele estava abraçada ao irmão no momento da batida e quebrou o braço em dois pontos. O motorista do Corsa teve mais sorte e saiu do acidente apenas com escoriações leves. ;Quando vi o caminhão se aproximar, ainda tentei acelerar o carro para escapar. Mas havia outro veículo parado na minha frente e não deu para evitar o impacto;, lamentou Leonardo, que levava os dois primos pequenos para a casa deles, em Santa Maria, quando o caminhão desgovernado atravessou um canteiro e os acertou. ;Fiquei apavorado após a batida. Olhei para o banco de trás e vi minha prima que chorava de dor. Mas Gilberto estava desmaiado e não reagia a nada. Espero que ele escape dessa;, disse. O caminhoneiro Uener Pereira de Mendonça, 29 anos, admitiu ter consumido bebida alcoólica antes da colisão. ;Tomei só três cervejas;, disse ao Correio. Uener chegou ao Gama no domingo para fazer uma entrega de lâminas de aço em uma fábrica que confecciona latas de alumínio. Ele voltava para a empresa, depois de ter passado no bar, para dormir e pegar a estrada de volta para São Paulo, quando ocorreu o acidente. ;Perdi o controle do caminhão depois de frear. Nem vi direito o que aconteceu. Só depois que saí do veículo percebi que tinha batido em um carro. Tive problema até para tirar o cinto de segurança;, contou. Uener demonstrou arrependimento após a batida. Teste de bafômetro realizado logo depois do acidente confirmou a embriaguez. O aparelho registrou 0,62 miligrama de álcool por litro de ar expelido dos pulmões. O caminhoneiro foi preso na 14ª DP (Gama) e responderá na Justiça por lesão corporal, crime pelo qual pode pegar de seis meses a três anos de detenção. ;A partir do momento em que ele assumiu o risco de causar um acidente, cometeu um crime. Mesmo que não tenha tido intenção de provocá-lo;, explicou o delegado-chefe da 14ª DP, Jurandir Teixeira Pinto. O caminhoneiro deixou a delegacia no começo da tarde de ontem, após pagar fiança de R$ 1 mil. Ele responderá ao crime em liberdade. Desde que a lei seca entrou em vigor, em junho do ano passado, o Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran/DF) tem agido com mais rigor para flagrar motoristas embriagados. Somente nos últimos sete meses de 2008, foram feitas 2.499 autuações nas quais os condutores dirigiam sob influência do álcool. Até 20 de janeiro deste ano, o Detran realizou outras 137 autuações. De acordo com o grau de embriaguez, o motorista pode pagar multa, perder a carteira ou ser preso. (Veja O que diz a lei) Dor A avó de Gilberto não conseguiu evitar as lágrimas ao falar do neto. Era difícil para ela acreditar no que ocorreu. ;Ele estava tão feliz ontem (domingo). Veio, me abraçou, me deu parabéns. Antes de ir, ainda abriu um sorriso;, lembrou Luiza. ;Mas, graças a Deus, está vivo. Só espero que a saúde dele não piore;, acrescentou. O resto da família também reza pela recuperação do garoto. Para Leonardo, o menino tem chances de escapar com vida. ;O pai dele ficou em coma por 30 dias uma vez e depois se recuperou. Rezo para que aconteça o mesmo com ele. Acredito que Deus sabe o que faz;, disse o militar. Até o fechamento desta edição, Gilberto respirava com a ajuda de aparelhos, não reagia aos medicamentos e permanecia em coma no pronto-socorro do Hospital de Base, à espera de uma vaga na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O que diz a lei De acordo com a Lei Federal nº 11.705/08, se o teste do bafômetro acusar 0,1 ou 0,2 mg de álcool por litro de ar expelido dos pulmões, o motorista tem a carteira recolhida e recebe multa de R$ 957. O infrator tem o direito de reaver a CNH no primeiro dia útil após a apreensão do documento, mas o Detran abre processo contra o condutor para suspender o seu direito de dirigir por até um ano. Se o teste acusar valores acima de 0,3mg de álcool por litro de ar, além das punições administrativas, o motorista é levado para a delegacia, onde é aberto um inquérito. Para não ficar atrás das grades, o condutor precisa pagar fiança. Se condenada, a pessoa pode ficar presa por um período de seis meses a três anos. Motoristas, embriagados ou não, podem ser enquadrados em 11 crimes na direção dos veículos, de acordo com o Código de Trânsito Brasileiro. O consumo de álcool é um agravante em todos os casos.

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