postado em 11/02/2009 08:32
s escolas particulares de Brasília começaram o ano letivo com uma prioridade: convencer os alunos da gravidade do episódio da última sexta-feira, em que cerca de 100 adolescentes se reuniram no Parque da Cidade para assistir a uma briga marcada pela internet. Na ocasião, pelo menos 30 deles foram parar na Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA). Coordenadores pedagógicos e orientadores educacionais tiraram esta semana para irem de sala em sala conversar com a garotada e refletir sobre a banalidade da violência. Alguns colégios enviaram aos pais circulares abordando o tema e pedindo o apoio da família. Outros marcaram palestras para discutir o assunto.
A maioria dos alunos envolvidos na confusão do fim da semana passada vestia uniformes do Sigma e do La Salle, mas a preocupação com o que os estudantes andam fazendo fora da escola se espalhou entre várias unidades de ensino do Plano Piloto. ;Com esses casos, a imagem que fica é a de que os adolescentes de Brasília são agressivos. Está na mão deles mudar isso;, comentou Luciano Gallo, coordenador do Centro Educacional Leonardo da Vinci (914 Norte). Ele já enviou ofício à Polícia Militar pedindo para que agentes do Batalhão Escolar falem aos alunos sobre a violência juvenil.
A direção do La Salle identificou ontem quatro alunos que participaram do encontro marcado no parque. Dois deles ainda não apareceram na escola. O diretor, Marino Angst, disse que os estudantes e os pais serão convidados para uma conversa. ;Eles são novos na escola. A maioria dos nossos alunos tem noção de que não deve se envolver nesses casos;, afirmou o religioso, que classificou a briga como ;comportamento não desejado;. A assessoria do Sigma informou que a direção acompanha as investigações, mas, por ora, não vai se pronunciar.
A unidade do Sistema COC de Ensino da 604 Sul chamou a comunidade escolar para participar hoje de um ciclo de palestras com praticantes de artes marciais da cidade que se destacam no cenário esportivo. O comunicado enviado aos responsáveis faz referência à briga no parque. ;Pelos vídeos produzidos, percebemos que boa parte desses meninos faz alguma arte marcial e acha que, por isso, pode sair na rua batendo em todo mundo. A ideia é mostrar que não é por aí;, explicou o coordenador disciplinar do colégio, Luciano Iegi, que diz monitorar os adolescentes pelas comunidades virtuais.
O Sindicado dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinepe-DF) orienta o bloqueio do acesso a comunidades virtuais e a sites de vídeo nos computadores das escolas. Amábile Pacios, presidente da entidade e diretora do Colégio Dromos, destacou a importância do acompanhamento dos responsáveis. ;O que estamos vendo é a banalização da violência. E tendemos a minimizar o problema. Se os pais acharem essas brigas normais, não há ação da escola ou do Estado que dê jeito;, ressaltou Amábile.
Motivo fútil
Na tarde de ontem, mais três adolescentes que participaram da confusão de sexta-feira foram ouvidos na Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA). Entre eles, um dos que brigou, de 14 anos, estudante de escola particular. Ele chegou acompanhado da mãe e, segundo a delegada, com o rosto machucado. ;Eles sabem que fizeram algo errado, estão até tristes, mas não parecem não ter muita noção do problema. Pensam que estão brincando de brigar;, comentou a delegada-chefe, Eliana Clemente.
Na segunda-feira, a polícia já tinha colhido o depoimento do outro garoto, de 15 anos, também envolvido na briga do parque. Os dois disseram que o motivo do desentendimento foi uma menina. De acordo com eles, uma garota da turma do Sudoeste ficou com um garoto da 310 Sul. Os dois grupos são rivais e teriam entrado em conflito nos dias 13 e 31 de janeiro. O conflito do parque seria, portanto, o terceiro do ano. ;Estamos apurando se por trás dessas ações existe algo maior que possa incitar mais violência;, disse a delegada, que evita usar o termo gangue. ;Em princípio são turmas;. As investigações devem ser concluídas na sexta-feira. Até lá, outros oito adolescentes serão intimados a depor.