postado em 12/02/2009 11:46
Cuidar de si mesmo e dos outros, um mandamento importante que costuma ser esquecido em meio a euforia do carnaval. É aí que mora o perigo das doenças sexualmente transmissíveis e da Aids. Para garantir que a festa seja só alegria, a Secretaria de Saúde (SES) do Distrito Federal já distribuiu 1,9 milhão de camisinhas aos centros de saúde e Organizações Não Governamentais (ONGs), para serem repassados à população entre os dias 20 e 24 de fevereiro. Um acréscimo de 600 mil preservativos a mais, em relação ao mesmo período do ano passado.
Cerca de 70 técnicos da SES atuarão no Ceilambródomo, nos desfile dos blocos no Plano Piloto nas cidades que têm carnaval de rua. Os profissionais do Programa Saúde da Família (PSF) vão distribuir camisinhas e folhetos educativos, em parceria com o Fórum de Aids do DF e ONGs. O material informativo é baseado no projeto Fique Sabendo, do Ministério da Saúde, e visa principalmente a necessidade de diagnóstico precoce das DSTs.
"Nós queremos incentivar o maior número de pessoas a fazer o exame. Uma vez que ela sabe que é soropositiva, pode se cuidar", diz a coordenadora de programa de DSTs do DF, Leonor De Lannoy. A especialista alerta que as pessoas podem transmitir doenças sem saber que está contaminando o outro. Segundo Leonor, algumas doenças, como a Aids e o HPV, demoram anos para se manifestar. "Você olha a pessoa e ela está bem, bonita, normal, e nem imagina que possa ter sido infectada", explica.
De acordo com a coordenadora, cerca de 60% das pessoas já diagnosticam a doença com alguma manifestação, o que quer dizer que ela já está contaminada há muito tempo. Eleonor chama a atenção para os benefícios do diagnóstico precoce. Segundo ela, o ideal é começar a tomar remédio antes das defesas ficarem muito baixas, o que evita o aparecimento de doenças oportunistas. "As pessoas que descobrem cedo têm uma expectativa de vida muito melhor", diz.
Dados do programa de DSTs mostram que a média anual de diagnósticos de Aids, no Distrito Federal, é de 400 pessoas. As Pesquisas de Comportamento Atitudes e Práticas (PCAP), realizadas em 2004, apontaram que apenas 32,2% da população da região Centro-Oeste havia sido testada.
O alerta feito por Leonor pode ser constatado nos relatórios da Organização das Nações Unidas (ONU), segundo os quais no Brasil, 43,7% das pessoas que iniciaram o acompanhamento e tratamento para HIV/Aids já chegaram com comprometimento imunológico e destes, 28,7% morreram no início do tratamento.
Sem desculpa
Fazer o exame é importante. Mas bom mesmo é ser adepto do ditado popular que diz: "melhor prevenir que remediar". Se nenhum agente da SES passar pela sua festa, você pode ainda procurar o centro de saúde mais próximo e retirar preservativos de graça.
Para garantir a prevenção no carnaval, o Núcleo de Enfermagem do Centro de Saúde 9 se antecipa para promover a Ação Educativa sobre Redução de Danos. O evento será realizado no próximo sábado (14/2), das 7h às 13h, no estacionamento da Feira Permanente do Cruzeiro. No local haverá estandes com farto material educativo. Médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e assistentes sociais vão dar informações à comunidade.
"Durante o carnaval as pessoas extravasam suas emoções, e são necessárias algumas medidas preventivas para proteção e promoção à saúde", esclarece a enfermeira-chefe do Centro 9, Jaqueline Pereira Faria. Quem passar pelo evento poderá fazer exames para detectar hepatite, HIV e sífilis, por meio do Centro de Triagem (CTA). O Grupo Arco-Íris vai expor trabalhos artesanais.