Cidades

Senhoras e senhores se reúnem para jogar vôlei na Asa Sul

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postado em 13/02/2009 10:24
A vitalidade é de dar inveja a qualquer jovem de 20 e poucos anos. Durante duas horas, eles correm de um lado a outro da quadra, exibem saques perfeitos e não economizam manchetes para manter a bola no ar. A equipe de vôlei Vá...Idade reúne jogadores que já passaram dos 60, 70 e até 80 anos toda terça-feira, em um colégio da Asa Sul. A professora Yara Maria Nazaré, 67 anos, organiza a turma para os jogos. Eles não querem competir, gostam mesmo é de se exercitar e manter a amizade com os colegas. ;Nosso objetivo é praticar um esporte saudável. Aqui um ajuda o outro, não queremos competição;, disse Yara. Todo mês, ela recolhe o dinheiro do pessoal para rachar o aluguel da quadra e prepara as festas de confraternização da turma. A maioria dos integrantes do grupo se conhece há mais de 20 anos. Eles começaram a jogar juntos no Country Clube, local que ainda hoje abriga as partidas de fins de semana. Para continuar no time, os jogadores têm que seguir o regulamento. Além de pagar a cota do aluguel da quadra em dia, é preciso respeitar algumas normas. Os atletas devem jogar em todas as posições, não sendo permitida a troca durante o jogo. Os times são formados por ordem de chegada. Quando houver mais de duas equipes na mesma noite, a vencedora fica na quadra e as perdedoras se revezam. Na quadra do colégio Cor Jesu, na 615 Sul, os gritos dos jogadores avisam: ;É Giba neles!”. Gilberto Lyrio Mello, engenheiro agrônomo aposentado, 81 anos, é um dos craques da equipe. Os saques infalíveis e as defesas de Giba garantem inúmeros pontos e mostram que o vôlei faz parte da vida dele há anos. Seu Gilberto joga desde os tempos de ginásio e participou da seleção de Cruz das Almas, na Bahia. Quando se mudou para o Rio de Janeiro, fundou um time no núcleo agrícola onde morava. O aposentado só deu uma parada no esporte na época em que veio para Brasília. Era 1963, ele trabalhava para o Incra e estava louco para viver na nova capital. ;Sempre acreditei no trabalho de Juscelino Kubitschek, fiz muita força para vir;, lembrou. Gilberto foi morar em um prédio ainda em construção na 311 Sul. Não havia clube nem quadra onde ele pudesse treinar. No início dos anos 70, ele se associou ao clube Motonáutica e voltou a praticar vôlei. Gilberto ressalta que os 81 anos não o atrapalham em nada na hora do jogo. Há 12, ele operou o coração, mas foi liberado pelo médico para continuar treinando. ;O cardiologista disse que eu podia se fizesse exercício sempre. O vôlei não é problema, só ajuda;, comentou. Para manter a forma, o aposentado joga vôlei duas vezes por semana e caminha quase todos os dias, pelo menos 45 minutos. O futebol nunca deu certo para o engenheiro civil Rubens Garcia, 75 anos. ;Eu era muito ruim;, brinca. A alternativa foi jogar vôlei com os amigos de colégio em Ouro Preto (MG). Brasília entrou na vida de Rubens em 1962, quando ele foi trabalhar em uma pedreira na Fercal, na região de Sobradinho. Nos anos seguintes, ele se dedicou à construção da estrada Belém-Brasília, iniciada nos anos 50 por Bernardo Sayão, um dos primeiros diretores da Novacap no início da construção da capital do país. Por mais de 10 anos, o engenheiro se afastou do vôlei, mas retomou os jogos em 1975, quando se associou ao Country Clube e conheceu os colegas de quadra. ;Fui conhecendo o pessoal, é o nosso círculo de amizade;, disse. Rubens tem recomendação médica para jogar vôlei às terças e domingos e malhar na academia três vezes por semana. ;Não sinto mais dores na coluna, me ajuda muito. Saio daqui suado com o exercício, é bom demais;, completou. A idade avançada dos jogadores não muda em nada as disputas em quadra. Os lances são rápidos e a bola voa longe quando cai nas mãos daqueles senhores e senhoras de cabelos brancos (o grupo que se reúne na Asa Sul soma 20 pessoas). São exemplos de quanto o esporte pode ajudar a manter a qualidade de vida na terceira idade. ;Posso estar com alguma dor, mas não sinto nada quando entro em quadra. É essencial fazer esporte, a gente não pode parar. Isso aqui é meu analista, onde esqueço todos os problemas;, afirmou a funcionária pública Maria Elvira Minervino, 60 anos, que não tem data para abandonar o vôlei. Especialistas E eles estão no caminho certo. Especialistas ouvidos pelo Correio são unânimes ao afirmar que o esporte na terceira idade faz bem e deve ser praticado. Mas alertam para alguns cuidados necessários para evitar problemas. A professora da Faculdade de Educação Física da Universidade de Brasília, Marisete Peralta, explica que a prática de esportes traz diversos benefícios (veja quadro), mas o principal deles é a melhora na atividade cardiovascular e na capacidade respiratória. ;A atividade física melhora a circulação;, comentou a especialista em práticas esportivas com idosos. Já o presidente da Associação Internacional de Geriatria e Gerontologia, Renato Maia, ressalta a socialização proporcionada pela prática de esportes coletivos. ;Reunir os amigos e fazer novas amizades durante a atividade física pode ser o melhor remédio;, disse o especialista. FIQUE ATENTO Especialistas afirmam que a atividade física faz bem para todas as idades, principalmente para os idosos. Mas são necessários alguns cuidados para evitar problemas na prática de esportes na terceira idade. Veja abaixo algumas dicas: Benefícios # Melhora a atividade cardiovascular e a capacidade respiratória. # Melhora o equilíbrio. # Fortalece a musculatura. # No caso dos esportes coletivos, como o vôlei, há a socialização dos jogadores. Cuidados # É preciso fazer um exame geral antes de iniciar as atividades, principalmente os idosos que não estão acostumados à pratica de esportes. # Recorrer a um especialista em educação física para saber qual a atividade adequada pode evitar problemas, como lesões musculares. # Evite exageros e busque conhecer seus limites.

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